sexta-feira, 24 de agosto de 2018

TEUS VERSOS DE OUTRORA


TEUS VERSOS DE OUTRORA

Quis devorar teus versos de outrora,
Mas para tê-los sempre comigo,
Preferi guardá-los para degustá-los
a qualquer hora

Guardei todos os versos que fizeste
para mim e para tudo
No meu caderno permaneceram anos a fio
De quando em vez eu pegava experimentava,
Eram sempre novos para mim

Por muito tempo cumpri este rito:
Quando a fome me visitava,
Eu pegava o caderno e comia teus versos
porém eles não se consumiam

Fiquei um tempo sem visitá-los
Parecia que novos versos
me roubaram de tua poesia
Porém um dia, bateu a saudade
E quando peguei o caderno
Para comer poesia
Não havia mais versos
Nenhuma página havia

Que ilusão a minha
Acreditar que bastaria guardar
o tesouro e ele perduraria,

Como doeu perdê-los
Como doeu não tê-los todos
A fome aperta nesta hora
e eu não posso comer teus versos de outrora

Maldita esta minha mania
de querer aprisionar o que me faz feliz
Não tivesse engaiolado teus versos,
Agora os teria todos
não apenas para mim

A poesia é um pássaro em pleno voo.

Gilmara Belmon


Ao meu amigo L.O. Márcio, cujos poemas de outrora guardei num caderno por muitos anos. No ano passado doeu-me  encontrar o referido caderno destruído pela traça .

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