sábado, 15 de setembro de 2018

CÉU DE TERRA NOVA




Foto: Valdemar Ferreira
Local: Terra Nova- BA

CÉU DE TERRA NOVA

Olho para o céu
E o mistério do  crepúsculo
me ilumina

De repente me veio o desejo
de que todos que pisam esta terra
Olhem para este céu
e assim como meu
sejam iluminados por este mistério

Para que expurguem de suas vidas
a obviedade que aprisiona o olhar
E impede de enxergar a esperança no ocaso
cuja beleza  o céu derrama nesta terra

Mas só será  iluminado quem souber olhar
Olhar para o céu com os olhos nus
Os olhares viciados não verão a beleza
Porque não há beleza dentro deles

Oh céu, tu  és o papel
em que Deus registra os anseios
do povo desta terra
Só podes ser visto assim
 pelos pés de quem pisa este solo
 filho do massapê

Que  o samba se faça a trilha sonora
Que embala a roda dos homens e mulheres
desta terra que ousam sonhar
E por isso desnudam seu olhar
para enxegar no ocaso
muito  mais do que o sol partindo

É o olhar parindo um sonho novo
São os pés de quem tirou as sandálias
para que, sentindo o chão,
aprenda a caminhar de novo
E que apreenda que esta
terra pode ser sempre nova
Mas só será nova
Se abraçada por seu povo

Gilmara Belmon


domingo, 9 de setembro de 2018

NA TERRA DE DRUMMOND




  • Olha onde estou
    Na cidade da poesia
    Aqui o horizonte parece tão perto
    E todos os cantos têm cheiro de amor

    Olha onde estou
    Na rua da poesia
    Aqui quando piso o chão,
    Ele fica da cor dos meus sonhos
    As casas e as árvores exalam amor

    Olha onde estou
    Na casa da poesia
    Aqui em cada cômodo que adentro
    As palavras voam em minha direção
    Penetram os meus ouvidos
    E repousam em meu coração

    Olha onde estou
    No coração do poeta
    Aqui mergulhei em seus versos,
    Em suas memórias,
    Em suas cartas de amor
    Sua poética me seduziu,
    Sua terra me iluminou

    Gilmara Belmon

TEUS DEDOS



Toca com os teus dedos os meus ouvidos 
Para que eu ouça os teus divinos apelos 

Toca com a tua vida a minha língua 
Para que a minha vida te louve 

Que teus dedos descerrem meus ouvidos 
Para que a fome do pobre seja a minha dor

 Que a minha língua se liberte 
 E o outro me veja com ele gritando 

Oxalá eu escute cantigas de amor 
E o meu cantar seja ouvido nesta ciranda 

Pe. Júlio Santa Bárbara

sábado, 8 de setembro de 2018



Foto: Gilmara Belmon
Uma coisa é colher
Outra é plantar
Colheita é receber
Plantio é dar
Não faça com que a pressa de colher,
estrague o seu momento de plantar.

Geir Campos

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

SEM TRAMELAS E SEM GELOSIAS: ADULTÉRIO FEMININO E DIVÓRCIO NA COLÔNIA (1750-1800)

Queridos leitores, em breve a Sagga Editora lançará o livro "SEM TRAMELAS E SEM GELOSIAS: ADULTÉRIO FEMININO E DIVÓRCIO NA COLÔNIA (1750-1800)" da historiadora Carmem Lucia Santos. O livro conta as atitudes femininas desviantes ao padrão comportamental delineado por uma mentalidade ibérica, herdeira da catolicização e imposta por mecanismo de exclusão social. Baseado na investigação de processos crimes apresenta o lugar na mulher na sociedade colonial mediante a intensa preocupação de seus tutores (homens que as cuidavam) de mantê-las isoladas e segregadas do mundo circundante por medo de perderem-se em pecados, pois eram vulneráveis e presas fáceis às artimanhas demoníacas. Nos apresenta as histórias de mulheres, admiráveis para nós hoje, cuja coragem muitas vezes movida por amor romântico e esperança de uma vida conjugal menos opressora, levaram-nas a romperem com os grilhões da moralidade católica e atirarem-se em casos de adultério, infringirem as leis do casamento, parirem e encontrarem alternativas para a criação de seus filhos ilegítimos, prostituirem-se; buscar a clausura dos Recolhimentos como local de libertação e empoderamento, ou ainda, forçadas a lá ficarem “guardadas”, transformarem o seu entorno em estadia menos tensa que o convívio com seus homens (tutores, maridos, pais, irmãos...). Esta obra é um minucioso trabalho de pesquisa histórica que em breve estará a disposição de todas e todos.

sábado, 1 de setembro de 2018

NÃO ME ACOSTUMO COM O BELO



Não me acostumo com o belo
Ele sempre me assusta
Às vezes me deparo com ele
nas ruas da minha vida
E sou tomada pelo espanto

Há dias em que nada me ocorre
Nenhuma canção chega aos meus ouvidos
Nenhuma flor nova se abriu no meu jardim
E justo ali, naquele nada a beleza acontece

Há dias em que a poesia me visita
pela boca de um amigo
As flores me encontram pelas  mãos 
de quem se lembrou de mim ao vê-las
E a beleza toma todo o meu ser

Não me acostumo com o belo
Em dias cinzentos
Em que a tristeza me pega de jeito
E não se aparta de mim
A beleza me surpreende
Quando a memória de quem me ama
Me leva a lugares lindos
com cheiro de flores,
Eu permaneço triste, mas consigo florir

Não me acostumo com o belo
Beleza  é deleite
Deleite é efemeridade
Nasce, deixa-nos inebriados e morre
Não creio que se possa buscar o belo
Ele simplesmente acontece
Assim sem avisar
Não está na coisa que vemos
Nem no nosso olhar
Está neste ir e vir
Entre o olhar do coração de quem admira
e a coisa admirada
É como o amor
Que está entre o ir e vir do querer bem
É amada a pessoa  que ama
É amante a pessoa amada
Assim é a beleza
É belo quem admira
É bela a coisa admirada


Gilmara Belmon





Fotos: Jáder Ferreira
Local: Casa de Jorge Amado e Zélia Gatai, Rio Vermelho, Salvador- BA

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...