segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ESCREVER E OFERTAR



Trago dentro de mim uma sede de justiça,
É por isso que, paradoxalmente,
Meu ser transborda de esperança.
A indignação me acompanha todos os dias,
Ela é alimento para as minhas lutas,
É por isso que escrevo indignação por cima da palavra banalização,
Escrevo coragem antes que imponham o medo a mim.
Todas as vezes que tentam escrevê-lo em meu papel,
Eu apago, posso até rasgar se preciso for!
Eu não sei ofertar amargura,
A doçura está escrita em minha alma.
Não sei não  ofertar,
É por isso que escrevo compromisso
 nos papéis onde leio indiferença.
Ainda que uns poucos tragam espinhos aos meus dias,
Há muitos que me ofertam flores.
Ambos me educam:
Os espinhos me ajudam ser forte,
As flores acrescentam ternura à minha valentia.
Ainda que em todos papéis e paredes das ruas da humanidade escrevam trevas,
Eu, porém, escrevo luz.

Gilmara Belmon

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A IGNORÂNCIA



A ignorância
Dói
Corrói
E sonega

A ignorância
Nega
Limita
E cega

A ignorância
Silencia
Aprisiona
E angustia

A ignorância custa caro!
É onerosa material
e espiritualmente

A ignorância
Emperra
Inviabiliza
Demoniza
Desumaniza
Desconstrói
Destrói
Todo e qualquer
Projeto de Libertação

Eu odeio a ignorância!
Ela é uma arma eficaz
para todos os
Manipuladores
Opressores
Ditadores
Corruptos

A ignorância é uma eficiente aliada
para aqueles que se engarfinham
na disputa pelo poder de dominar

Eu odeio a ignorância!
Odeio tudo o que nos aprisiona
E nos rouba o direito de sonhar

Odeio a ignorância!
Odeio tudo que nos manipula,
Nos silencia e nos impede de voar

Por isso eu amo a educação
A arte, a cultura, a ciência,
Elas têm o poder de libertar

Gilmara Belmon

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

CONVITE



Vamos nos despir dos pre-conceitos
Para não excluir o diverso

Vamos nos vestir de ousadia
Para resistir ao que nos silencia

Vamos nos vestir de coragem
Para enfrentar o dia!

Vamos desenhar o horizonte
Para construir o caminho

Vamos semear sonhos
Regar os desejos
Podar os excessos

Vamos baixar a guarda
Deixar a poeira assentar
Empunhar a bandeira da paz

Vamos sorrir quando quisermos sorrir
Chorar quando quisermos chorar
Deixar partir quem quiser ir
Deixar ficar quem quiser ficar

Vamos a-cor-dar
Vamos namorar a vida
Vamos combater o ódio,
a ignorância, as injustiças

Vamos  temperar os ambientes  insossos
Vamos adoçar os ambientes amargos
Vamos varrer a maldade
Vamos construir felicidade

Gilmara Belmon

Foto: Higor e Ana Rosa

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

AS MULHERES RADIANTES


As mulheres radiantes são
Imperfeitas, intensas, alegres
E fascinantes

As mulheres radiantes
são livres de preconceitos
e de apontar defeitos

As mulheres radiantes
não dão conta de tudo
e não fazem questão de esconder

Recusam-se a viver de aparências,
No olhar, revelam sua essência
E não temem o que os outros irão dizer

As mulheres radiantes
não atribuem a outrem
a tarefa de fazê-las felizes,
Elas sabem que esta
é uma tarefa só delas

Por isso não colocam
todas as suas expectativas
no amor, nos filhos, no trabalho,
sei lá o quê...

As mulheres radiantes não esperam
acontecer algo impactante
para que elas fiquem cintilantes

Elas simplesmente se sentem reluzentes
Não é que elas não sofram, não chorem,
não se estressem

Mas a sua luz esbanja tanta teimosia
Que nada é capaz de lhes tirar a alegria

Elas cintilam esperança e valentia
Ainda que, por vezes, se sintam sem chão

Ser uma mulher radiante
independe de classe, idade,
profissão, religião ou etnia

A beleza da mulher radiante
é a sua ousadia.

Gilmara Belmon

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

VI-VER


Eu amanheço quando o  bem- te- vi
anuncia com seu canto profético
que o dia nasceu

Eu me aqueço  quando o sol desponta
da janela do meu quintal
e me convida a iluminar a vida

Eu floresço quando, no meu jardim,
um botão, faminto de se tornar flor,
me inspira a crer no que há de vir

Eu arvoresço quando
um ipê  na estrada me convida
a  pausar a caminhada
à sombra do seu amor que dá cor
ao meu caminho

Eu trovejo e relampejo diante
da imbecilidade de quem não se deixa
amanhecer, florescer e arvorescer
ante a beleza que a vida nos presenteia

Triste de quem, tendo olhos sãos,
Recusa-se a aprender a olhar
Fazendo-se prisioneiro
da própria ignorância,
Ignorante, conjugará o verbo amanhecer,
sem, contudo, desbravar o dia

Gilmara Belmon

terça-feira, 15 de outubro de 2019

PROFESSAR


Professora/Professor,
Professar é o nosso ofício,
Declarar, Confessar
Publicamente aquilo que acreditamos,
Aquela causa à qual escolhemos dedicar a nossa vida.

E o que professamos?
Por que professamos?
Que causa é esta a qual dedicamos a nossa vida?

Não há professor que não professe!
Professamos diuturnamente,
Enquanto vivemos e experimentamos
Os sabores e os dissabores da nossa profissão.

Como professamos?
Professamos com a palavra,
É bem verdade!
Mais do que isto,
Professamos com o que fazemos!
Professamos com o que somos!
Professamos com a nossa forma de nos relacionar com os nossos pares e com os nossos alunos!
Professamos com a posição que assumimos
diante da sociedade, diante do mundo, diante da vida!

Por isso, somos mais do que professores:
Somos educadores!
E como é um paradoxo ser educador
E não ser comprometido com a transformação social!
Somos professores, professadores, profetas!
Denunciamos as injustiças sociais
E não só anunciamos a transformação da sociedade,
Como também lutamos por ela!

Por isso a nossa prática educativa
de formar o ser humano
É tão árdua, é tão dura, é tão complexa,
Tão mal compreendida, tão mal remunerada, desvalorizada!
E ao mesmo tempo tão bela, tão forte, imprescindível
Fascinante, encantadora, essencial, insubstituível.

Ser professor é ser um profeta esperançoso.
E porque ele esperança (do verbo esperançar),
Não desiste de professar,
Não desiste de educar.

Gilmara Belmon

sábado, 12 de outubro de 2019

IN-FÂNCIA


Como diria Arnaldo Antunes:
Isto não é um poema.

Eu penso agora
Em todos os infantes,
Aqueles "incapazes de falar"
Sim, IN-fância!
Esta fase gostosa da vida

Ser CRIança,
CRIar,
Ser CRIado,
CRescer!

A infância é a fase
Mais linda da vida!
Mais inocente!
Mais iluminada!
Mais alegre!
Mais sonhadora!
Mais doce!

Pena que não é
para TODAS as crianças!
E é justamente
Pela crianças IN-felizes
Que eu faço a minha prece de hoje!

As refugiadas,
As abusadas,
As abandonadas,
As esfomeadas,
As maltratadas
As espancadas,
As mal amadas,
As abortadas,
As silenciadas,
As encarceradas,
As marginalizadas,
As assassinadas,
As escravizadas.

TODAS aquelas que
tiveram a sua infância sequestrada!

Que coisa a IN-fância!
"Sem fala!"
As crianças ficam à mercê
daquilo que nós adultos
ofertamos a elas.
E se refletirmos:
Que IN-fância tivemos?
Que sentido damos a esta fase da vida?
Que ser humano estamos formando
em cada CRIança que CRIamos
e que vemos CRescer?

Como diria Arnaldo Antunes:
"Isto não é um poema!"

É uma dura constatação de que as crianças
precisam de adultos melhores
do que estamos conseguindo ser.

Adultos que lhe ofertem um mundo melhor,
Para que sejam CRIanças de fato e de direito,
Porque o tempo da CRIança não é o futuro,
O tempo da CRIança é o AGORA!

Gilmara Belmon

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...