sábado, 21 de abril de 2018

RETALHOS DO VIVER

Diversos retalhos
Compõem o tecido do viver
A vida é colorida

Consegues ver?

Há retalhos estampados
Alegres, dourados

Há retalhos coloridos
Belos, floridos

Há retalhos delicados
Que nos deixam preocupados

Há retalhos doloridos
Que nos deixam feridos

Há momentos e momentos
Claros, escuros, cinzentos

Viver é um constante
E misterioso tecer
Para tecer a vida bem tecida
Viva intensamente a vida
Teça o sentido do viver

Gilmara Belmon


terça-feira, 10 de abril de 2018

COSTURAS E ALINHAVOS



Linhas de afeto e encantamento
Con-fiaram
Noite após noite
Dia após dia

Agulha ia, agulha vinha
E neste vai e vem
A agulha costurava dois corações
Que mal se conheciam

E com a intensidade dos afetos
Um coração ao outro aquecia
Pela beleza do itinerário
Que a agulha perfazia

Quão incansável era agulha
Em costurar dois desconhecidos
Que repentinamente
Transformou-lhes em amigos

Tendo a agulha terminado a costura,
Aquietou-se na caixa de aviamentos
Quando costurados os corações
Ávidos pelo encantamento

Eis que a linha logo se soltara
Com a mesma intensidade
Com que a agulha o fazia
Não perceberam os corações
Que, em verdade,
Era apenas um alinhavo
O afeto que os prendia

Gilmara Belmon








domingo, 8 de abril de 2018

ENTRE O EFÊMERO E O ETERNO



Foto: Gilmara Belmon  Local: UEFS



De onde vem o nosso desejo

De que o belo permaneça?

De que o prazer dure para sempre?



Vem da nossa consciência

De quão efêmera é a beleza

Para isso as memórias foram feitas



Para eternizar o que admiramos e amamos

O que nos afetou e que não pode morrer,

Porque se morrer,

Morreremos também



Então as memórias existem

Para que não morramos

de saudade, de desejo e amor



Aquela planta que hoje se encontra seca

Já dera flor um dia

Cumprira sua missão de perfumar o mundo

e  embelezar a vida

Eternizada está

na memória daqueles que por ali passaram

e amaram a sua beleza



As memórias têm o poder de nos salvar

da dor gestada por causa da perda,

Da dor doída por causa do fim



Gilmara Belmon



Foto: Gilmara Belmon  Local: UEFS

domingo, 1 de abril de 2018

FELIZ PÁSCOA?


Está difícil de digerir
Este desejo de uma Páscoa feliz,
Soa tão superficial,
Tão desencarnado do real

Não seria melhor propor:
“Viva a Páscoa?”
Sim, vivamos a Páscoa!
Façamos a passagem!

PÁSCOA/PASSAGEM
Passar de um lugar para outro
Movimentar-se
Mover-se
Desinstalar-se

Como o povo de Israel
Que passou da ESCRAVIDÃO para a LIBERTAÇÃO
Como Jesus Cristo, Nosso Mestre e Senhor,
Que passou da MORTE para a VIDA

Vamos passar?
Façamos a passagem!
Mas também construamos pontes
Para que TODOS passem

Está difícil de digerir
O desejo de uma Páscoa feliz
Como se a Páscoa fosse um dia
Pela sua grandeza, jamais caberia

Sejamos pontes
Para que a humanidade faça a passagem
Para que a humanidade viva a Páscoa
Só há Páscoa se fizermos como Jesus fez,
Ele  se comprometeu com a transformação
Dos sinais de MORTE em sinais de VIDA

Somos por Deus chamados
A experimentar o Cristo Ressuscitado
Morrer para o que não gera a vida
E com Ele ressuscitar
Para uma nova vida

Não alimentemos o ódio
Não alimentemos a intolerância,
A violência, a ganância

Que vivamos, neste mundo, a Páscoa:
Da opressão para a libertação
Das desigualdades para a igualdade
Da exclusão para a inclusão
Da miséria para a abundância
Do egoísmo para a solidariedade
Do ódio para o amor

Só assim terá sentido
O desejo de uma Feliz Páscoa
Uma Páscoa feliz para TODOS

Pois, assim como o povo de Israel,
Que passou de povo escravo para povo liberto,
Poderemos juntos, do outro lado,
Entoar o hino da vitória:

“Cantemos ao Senhor
Que fez brilhar a sua glória!”

Gilmara Belmon




ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...