Há uma superioridade em quem cuida
No momento exato em que cuida
O outro se encontra ali
Vulnerável debaixo de suas asas
Com a alma entregue aos ouvidos
Ansioso para ser escutado
Até mesmo em seu silêncio
Coração inquieto
À espera de um a chama que lhe esquente
E lhe devolva o sorriso
Ah, mas cuidado!
Há uma linha tênue
Que dança entre o cuidado que ama
E o cuidado que domina
O primeiro liberta
O outro oprime
Por trás do cuidado que acolhe e liberta
Há sempre o amor semeado, gestado, cuidado
Por trás do cuidado que domina e infantiliza
Há o desejo de posse
Semeado, gestado, cuidado
Um coração machucado demanda cuidado
Que ama e cura
Há uma superioridade em quem cuida
No momento exato em que cuida
Há superioridade no ato mesmo de amar cuidando
Gilmara Belmon