segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ESCREVER E OFERTAR



Trago dentro de mim uma sede de justiça,
É por isso que, paradoxalmente,
Meu ser transborda de esperança.
A indignação me acompanha todos os dias,
Ela é alimento para as minhas lutas,
É por isso que escrevo indignação por cima da palavra banalização,
Escrevo coragem antes que imponham o medo a mim.
Todas as vezes que tentam escrevê-lo em meu papel,
Eu apago, posso até rasgar se preciso for!
Eu não sei ofertar amargura,
A doçura está escrita em minha alma.
Não sei não  ofertar,
É por isso que escrevo compromisso
 nos papéis onde leio indiferença.
Ainda que uns poucos tragam espinhos aos meus dias,
Há muitos que me ofertam flores.
Ambos me educam:
Os espinhos me ajudam ser forte,
As flores acrescentam ternura à minha valentia.
Ainda que em todos papéis e paredes das ruas da humanidade escrevam trevas,
Eu, porém, escrevo luz.

Gilmara Belmon

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A IGNORÂNCIA



A ignorância
Dói
Corrói
E sonega

A ignorância
Nega
Limita
E cega

A ignorância
Silencia
Aprisiona
E angustia

A ignorância custa caro!
É onerosa material
e espiritualmente

A ignorância
Emperra
Inviabiliza
Demoniza
Desumaniza
Desconstrói
Destrói
Todo e qualquer
Projeto de Libertação

Eu odeio a ignorância!
Ela é uma arma eficaz
para todos os
Manipuladores
Opressores
Ditadores
Corruptos

A ignorância é uma eficiente aliada
para aqueles que se engarfinham
na disputa pelo poder de dominar

Eu odeio a ignorância!
Odeio tudo o que nos aprisiona
E nos rouba o direito de sonhar

Odeio a ignorância!
Odeio tudo que nos manipula,
Nos silencia e nos impede de voar

Por isso eu amo a educação
A arte, a cultura, a ciência,
Elas têm o poder de libertar

Gilmara Belmon

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

CONVITE



Vamos nos despir dos pre-conceitos
Para não excluir o diverso

Vamos nos vestir de ousadia
Para resistir ao que nos silencia

Vamos nos vestir de coragem
Para enfrentar o dia!

Vamos desenhar o horizonte
Para construir o caminho

Vamos semear sonhos
Regar os desejos
Podar os excessos

Vamos baixar a guarda
Deixar a poeira assentar
Empunhar a bandeira da paz

Vamos sorrir quando quisermos sorrir
Chorar quando quisermos chorar
Deixar partir quem quiser ir
Deixar ficar quem quiser ficar

Vamos a-cor-dar
Vamos namorar a vida
Vamos combater o ódio,
a ignorância, as injustiças

Vamos  temperar os ambientes  insossos
Vamos adoçar os ambientes amargos
Vamos varrer a maldade
Vamos construir felicidade

Gilmara Belmon

Foto: Higor e Ana Rosa

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

AS MULHERES RADIANTES


As mulheres radiantes são
Imperfeitas, intensas, alegres
E fascinantes

As mulheres radiantes
são livres de preconceitos
e de apontar defeitos

As mulheres radiantes
não dão conta de tudo
e não fazem questão de esconder

Recusam-se a viver de aparências,
No olhar, revelam sua essência
E não temem o que os outros irão dizer

As mulheres radiantes
não atribuem a outrem
a tarefa de fazê-las felizes,
Elas sabem que esta
é uma tarefa só delas

Por isso não colocam
todas as suas expectativas
no amor, nos filhos, no trabalho,
sei lá o quê...

As mulheres radiantes não esperam
acontecer algo impactante
para que elas fiquem cintilantes

Elas simplesmente se sentem reluzentes
Não é que elas não sofram, não chorem,
não se estressem

Mas a sua luz esbanja tanta teimosia
Que nada é capaz de lhes tirar a alegria

Elas cintilam esperança e valentia
Ainda que, por vezes, se sintam sem chão

Ser uma mulher radiante
independe de classe, idade,
profissão, religião ou etnia

A beleza da mulher radiante
é a sua ousadia.

Gilmara Belmon

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

VI-VER


Eu amanheço quando o  bem- te- vi
anuncia com seu canto profético
que o dia nasceu

Eu me aqueço  quando o sol desponta
da janela do meu quintal
e me convida a iluminar a vida

Eu floresço quando, no meu jardim,
um botão, faminto de se tornar flor,
me inspira a crer no que há de vir

Eu arvoresço quando
um ipê  na estrada me convida
a  pausar a caminhada
à sombra do seu amor que dá cor
ao meu caminho

Eu trovejo e relampejo diante
da imbecilidade de quem não se deixa
amanhecer, florescer e arvorescer
ante a beleza que a vida nos presenteia

Triste de quem, tendo olhos sãos,
Recusa-se a aprender a olhar
Fazendo-se prisioneiro
da própria ignorância,
Ignorante, conjugará o verbo amanhecer,
sem, contudo, desbravar o dia

Gilmara Belmon

terça-feira, 15 de outubro de 2019

PROFESSAR


Professora/Professor,
Professar é o nosso ofício,
Declarar, Confessar
Publicamente aquilo que acreditamos,
Aquela causa à qual escolhemos dedicar a nossa vida.

E o que professamos?
Por que professamos?
Que causa é esta a qual dedicamos a nossa vida?

Não há professor que não professe!
Professamos diuturnamente,
Enquanto vivemos e experimentamos
Os sabores e os dissabores da nossa profissão.

Como professamos?
Professamos com a palavra,
É bem verdade!
Mais do que isto,
Professamos com o que fazemos!
Professamos com o que somos!
Professamos com a nossa forma de nos relacionar com os nossos pares e com os nossos alunos!
Professamos com a posição que assumimos
diante da sociedade, diante do mundo, diante da vida!

Por isso, somos mais do que professores:
Somos educadores!
E como é um paradoxo ser educador
E não ser comprometido com a transformação social!
Somos professores, professadores, profetas!
Denunciamos as injustiças sociais
E não só anunciamos a transformação da sociedade,
Como também lutamos por ela!

Por isso a nossa prática educativa
de formar o ser humano
É tão árdua, é tão dura, é tão complexa,
Tão mal compreendida, tão mal remunerada, desvalorizada!
E ao mesmo tempo tão bela, tão forte, imprescindível
Fascinante, encantadora, essencial, insubstituível.

Ser professor é ser um profeta esperançoso.
E porque ele esperança (do verbo esperançar),
Não desiste de professar,
Não desiste de educar.

Gilmara Belmon

sábado, 12 de outubro de 2019

IN-FÂNCIA


Como diria Arnaldo Antunes:
Isto não é um poema.

Eu penso agora
Em todos os infantes,
Aqueles "incapazes de falar"
Sim, IN-fância!
Esta fase gostosa da vida

Ser CRIança,
CRIar,
Ser CRIado,
CRescer!

A infância é a fase
Mais linda da vida!
Mais inocente!
Mais iluminada!
Mais alegre!
Mais sonhadora!
Mais doce!

Pena que não é
para TODAS as crianças!
E é justamente
Pela crianças IN-felizes
Que eu faço a minha prece de hoje!

As refugiadas,
As abusadas,
As abandonadas,
As esfomeadas,
As maltratadas
As espancadas,
As mal amadas,
As abortadas,
As silenciadas,
As encarceradas,
As marginalizadas,
As assassinadas,
As escravizadas.

TODAS aquelas que
tiveram a sua infância sequestrada!

Que coisa a IN-fância!
"Sem fala!"
As crianças ficam à mercê
daquilo que nós adultos
ofertamos a elas.
E se refletirmos:
Que IN-fância tivemos?
Que sentido damos a esta fase da vida?
Que ser humano estamos formando
em cada CRIança que CRIamos
e que vemos CRescer?

Como diria Arnaldo Antunes:
"Isto não é um poema!"

É uma dura constatação de que as crianças
precisam de adultos melhores
do que estamos conseguindo ser.

Adultos que lhe ofertem um mundo melhor,
Para que sejam CRIanças de fato e de direito,
Porque o tempo da CRIança não é o futuro,
O tempo da CRIança é o AGORA!

Gilmara Belmon

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

EM MIM


EM MIM

Eu tive medo da luz
E me joguei no breu

Eu tive medo da paz aparente
E me entreguei ao conflito

Eu tive medo do novo
E me detive à rotina

Eu tive medo da sede
E me joguei no rio

Eu tive medo de ser eu,
Então me apeguei
Ao que esperavam de mim

O breu me ensinou a caminhar sem garantias.
Com o conflito aprendi a arte do enfrentamento.
A rotina me educou para rebelar-me um dia.
O rio me ensinou a fluir.

Em mim se entranham
e se estranham:
A luz e o breu,
A paz e o conflito,
O novo e a rotina,
A sede e o rio inteiro!

Em mim se entranham
e se estranham
As diversas mulheres
que em mim habitam.

Gilmara Belmon

sábado, 5 de outubro de 2019

HOJE







Está vendo este papel
em branco à tua frente?
É o porvir

Não abra mão da tua missão
de escrever

Desenhe,
Pinte,
Risque,
Rabisque,
Escreva

Só não deixe de fazer
Outros poderão contribuir,
Mas ninguém o fará por você

Nada sabe sobre o que há de vir,
Porém, sabe que hoje está aqui:
Viva,
Fale,
Ame,
Faça,
Caminhe,
Escreva!
Hoje é o dia!

Cada dia que ganhamos
É um papel para escrever,
E escrevendo,
A gente re-nasce,
Cresce,
Vive!

Viva o seu dia!
Não deixe de crescer,
Ninguém o fará por você.

Gilmara Belmon

Fotos: Valdemar Ferreira
Local: Terra Nova

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

RESISTÊNCIA



São tantos discursos
Visando colonizar  a gente
São tantas estratégias
Para nos colocar corrente

Há tantas formas de nos amordaçar
Há tantas formas de nos invisibilizar

Demorou para  percebermos
Mas  hoje enxergamos as correntes
Aprisionando nossos desejos
E nossos sonhos desde sempre

Nossas asas nunca foram livres
Elas sempre foram pesadas
Deveríamos ter alçado mais voos
Deveríamos  ter sido mais ousadas

Caimos e levantamos
Sem nos curvar
Choramos  e cantamos
Nossa sina é lutar

Se nos silenciarem
Nossa história vai gritar
Se nos acorrentarem
Nossa alma vai voar

Gilmara Belmon

terça-feira, 1 de outubro de 2019

ANÚNCIO



O botão anuncia que a flor nascerá 
E esse anúncio me fala de Deus. 
Não creio que seja possível viver sem esperançar.

Estes tempos cruéis 
Que assuntam os bons
E alegram os maus 
Não constituem o ponto de chegada 
da nossa travessia.

Eu caminho na contramão
 do mal que vejo,  
Que me indigna e me revolta, 
Porém não tem nenhum poder sobre mim. 

E como te  vejo caminhar 
Também na contramão, 
Eu te dou a minha mão. 
Assim, haveremos de encontrar tantos outros 
Seguindo a canção da esperança, 
Seguiremos todos de mãos dadas 
Cantando o esperançar em uníssono. 

Será tão belo e tão forte 
Que os ruídos dos maus se calarão
E quando isto se fizer realidade, 
Iremos nos questionar 
Como se sucederam tais coisas, 
Reconheceremos então, 
Que Cristo caminhava o tempo todo conosco 
De mãos dadas na contramão. 

Em cada pessoa esfomeada de justiça
E sedenta de paz,  
Deus, humano se faz.    

Gilmara Belmon

domingo, 22 de setembro de 2019

O JARDIM DE CADA UM





Não sou eu que incomodo as flores
São elas que me chamam
Quando me veem passar
E eu as escuto com o meu olhar

As flores me chamam
Desde o dia em que escolhi não ignorá-las
Talvez elas já me chamassem antes
E eu nunca havia percebido

Talvez meus olhos estivessem viciados
E não as enxergaram na travessia

Talvez a minha pressa não me permitira
Escutar o seu chamado

Talvez a minha alma cansada
Não fizesse questão de admitir o jardim

É preciso despir os olhos
Para poder ver a realidade de cada ser,
de cada coisa

É preciso tirar as sandálias para adentrar ao mundo de alguém

É preciso educar os ouvidos para a escuta sensível do mundo

É preciso desnudar o nosso ser
De pre-conceitos, pre-julgamentos,
pre-ocupações
Se quisermos enxergar o outro no caminho

As flores nos olham
Elas enxergam o nosso jardim interior
E assim nos inspiram a também enxergar
O jardim que cada pessoa cultiva dentro de si

De primavera, eu entendo
Tudo é colorido, belo, vivo, perfumado
Mesmo que a vida não esteja
Por isso, o meu jardim interior
Reivindica que a primavera dure para sempre
Apesar das outras estações

Gilmara Belmon

Foto: Gilmara Belmon
Local: Seminário Santana Mestra - Feira de Santana - BA

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

MEUS VERSOS, MEUS LEITORES


Meus versos têm cor, cheiro, sabor,
Peso, forma, tamanho, corpo e alma.
Por vezes têm nome e sobrenome,
Eles têm voz, asas, lágrimas e sorrisos.
Meus versos não são imparciais,
Não ficam em cima do muro,
Mesmo quando escondem,
Mesmo quando não dizem nas linhas.
Tenho versos carregados de indignação,
Outros expressam a leveza do coração.
Escrevo versos vazios pela tristeza,
Outros transbordantes de alegria
Tenho versos amargos
E versos igualmente doces
Versos raivosos e versos amorosos,
Versos escritos com sangue
E versos bordados com lágrimas.
Meus versos têm os nomes daqueles
Que os saboreiam, devoram,
Degustam, ruminam, compartilham
Nos meus versos cabem
Tantos quantos forem capazes de amá-los,
De guardá-los, 
De se deixarem seduzir por eles.
Meus versos traduzem coragem e temor
São guardiões de segredos e respostas
São prisioneiros do que escondem
E são livres pelo que revelam
Eles choram e gritam
Silenciam e gemem
Meus versos pertencem aos meus leitores


Gilmara Belmon


No dia 16 de agosto meu Blog Colcha de Retalhos completou 2 anos de  existência.
Não imaginei que um dia me descobriria poetisa. Não imaginei que o meu Blog alcançaria tantos leitores. 
A minha gratidão a todos que se deixam tocar pela minha poesia. Dedico a vocês estes versos.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

SAUDADE


Não me agrada a despedida,
Porém amo a saudade,
Ela é a magia de tornar presente
Quem partiu

Sabemos que a pessoa amada
Está ausente,
Mas misteriosamente
Experimentamos a sua presença

A saudade não  é uma dor
de uma ferida
A saudade é  uma dor encantada
Bordada pelo entrelaçamento
Dos fios  do amor e da esperança
Das lágrimas que restam
Da querela entre a partida e o regresso

Quando o regresso acontece na tardança
Ou quando sabemos que ele não acontecerá
A saudade se espalha em nosso ser
Toma conta do corpo e da alma
E mantém o amor possível

Pela saudade,
Amamos a quem perdemos
A quem não temos
A quem não vemos
A quem partiu

Pela saudade,
Tocamos  o intocável
Vemos o invisível
Ouvimos o inaudível
E como não suportarmos
As ausências,
A magia  da presença assim  se faz.

Gilmara Belmon

domingo, 28 de julho de 2019

COSTURAR SONHOS


Saudade da antiga máquina de costura de mainha.
Saudade de quando eu cabia em seu pedal.
Ali em baixo eu me escondia do mundo e do tempo. Eu não iria crescer, a minha infância tinha sabor de eternidade.
Eu girava aquela roda de um lado para outro e viajava para onde meu coração de menina queria ir.
Ali eu passava horas a fio costurando sonhos.
Não me  lembro dos anos,  não lembro da minha idade, só sei que eu era menina.
A máquina de costura era um instrumento do ofício de mainha, mas para mim, ela era uma máquina de fazer sonhar.
Para mainha era uma máquina de costurar roupas, para mim era máquina de costurar sonhos.
Tudo em mainha é abrigo.

Gilmara Belmon

quinta-feira, 25 de julho de 2019

RAINHA TEREZA DE BENGUELA


Oh, mulheres negras,
Contem e recontem aos seus filhos
E aos filhos dos seus filhos
Que somos filhos da resistência à opressão

Façam ecoar em todo tempo e lugar
De geração em geração
As histórias não contadas
Daqueles e daquelas
Que resistiram à escravidão

Não aceitem as imagens dos
Dos negros e negras
acomodados e obedientes

Contai sobre os negros e negras
rebelados e resistentes
Lutando por libertação

Contem a história de uma mulher negra
Cujo ideal de liberdade
Fez dela Rainha da resistência

Falem da sua vida marcada por lutas
Falem da  sua força e poder
Ao liderar o Quilombo do Quariterê

Falem da sua capacidade  
De organizar o seu povo
E com ele construir uma sociedade
Com fome de liberdade

Oh, mulheres negras,
Ao fazer ecoar tais histórias
Lembrem-se de que suas vidas são uma peleja
Vocês são mais oprimidas do que as demais

Tomem por espelho a vida da Rainha Tereza
Unam-se e lutem  por seus ideais


Gilmara Belmon

quinta-feira, 18 de julho de 2019

MENINAS NEGRAS DE ONTEM/ MENINAS NEGRAS DE HOJE


Subjacente aos olhares das meninas negras
de hoje,
Eu vejo as histórias não contadas das meninas negras de ontem

Nas entrelinhas das palavras das meninas negras de hoje,
Eu leio as palavras escritas e apagadas das meninas negras de ontem

A luz do sorriso das meninas negras de hoje
Ilumina o sorriso das mulheres negras de hoje
Que ontem também foram meninas

As meninas negras de hoje
sabem mais do que as meninas negras de ontem
Que a beleza dos seus cabelos
deve ser assumida e não escondida

As meninas negras de hoje
sabem da riqueza da sua negritude
e, com suas atitudes,
Ensinam às meninas negras de ontem
(Hoje mulheres ),
que elas nunca foram pardas

As meninas negras de hoje são empoderadas
E todas trazem consigo a herança
das histórias das meninas negras de ontem
cuja identidade racial fora negada

As meninas negras de hoje,
diferente das meninas negras de ontem,
Não se deixam intimidar
Ninguém determina qual o seu lugar

Não é que as meninas negras de hoje
encontrem facilidades
O racismo e a desigualdade são duras realidades,
Mas diferente das meninas negras de ontem
que sofriam caladas e reprimidas,
As meninas negras de hoje
falam com suas vidas e não se dão por vencidas

Gilmara Belmon

Créditos da imagem: Cléber Marques

quinta-feira, 11 de julho de 2019

DESUMANIZAÇÃO DA POLÍTICA/ DESPOLITIZAÇÃO DA HUMANIDADE


Busco uma leitura da realidade
Despida de um olhar viciado,
Pois meu ser parece cansado do que vê

Às vezes me questiono:
De que matéria somos feitos
Nós, os oprimidos  e explorados?
Onde pisam os nossos pés?
Pois nos recusamos a acreditar
no que vemos e ouvimos?

A ganância e a indiferença
Tomando conta da humanidade,
Os interesses individuais
Prescindindo dos interesses coletivos

O que é mesmo SER HUMANO?
O “eu” usurpou o lugar do “nós”
E ninguém mais se reconhece como
Coabitantes desta grande CASA
Quem dirá como irmãos

Fizeram da política uma podridão
E assim cada vez mais os íntegros
Se cansam e se  afastam dela

Se os que têm sede de justiça
odeiam a política,
Ela se despe de humanidade
E os desumanos se apoderam dela

Ah...lobos que nem mais se ocupam
Em se travestir de cordeiros
Apresentam-se como lobos mesmo!
A exploração das "ovelhas"
Constitui motivo para suas farras,
Porque da exploração advém seus lucros,
Da corrupção advém suas riquezas!

Desgraçados eles, opressores!
Desgraçados seus defensores!
Desgraçada e desumana "política"!
Desgraçada a religião forjada
Cujos pastores se beneficiam
da exploração de suas ovelhas
Desgraçadas a educação e a religião
que apassivam e oprimem,
mas não emancipam,
Não libertam

Alienados os que perguntam:
O que será de nós?
Mas conformados, não resistem
E nem põem a mão no arado com os demais.

Gilmara Belmon

sábado, 11 de maio de 2019

A FORÇA DA VIDA

A FORÇA DA VIDA

Se a gente não passar pela escuridão
Não vai aprender a enxergar a luz
Só experimenta a ressurreição
Quem assumiu o peso da sua cruz

A tranquilidade vicia a gente
Amolece, acomoda
E quando a dificuldade vem,
Com o susto, a gente acorda

A luta diária cansa a gente
Mas fortalece, incomoda
E quando a vitória vem,
Às vezes  demora, mas acontece
A gente vibra e agradece

Sem parar, sem estagnar
Porquanto, vencida a batalha de hoje,
Amanhã surgirão outras pra gente travar

"E assim é a vida, aperta  e afrouxa"
Se para Guimarães Rosa
Ela  quer de nós coragem,
Eu acrescento: a vida requer de nós
coragem para amar

Só o amor é capaz de me fazer lutar tanto
e permanecer inteira
Só o amor  me torna capaz de tropeçar tanto
e permanecer de pé
As vestes de coragem e resistência  que uso diante da vida são costuradas com fios de amor.
E o amor é mais forte do que tudo.
Contra ele não há armas, não há argumentos
Com a força do amor,
A cada luta me reivento.


Gilmara Belmon

Foto: Tamires Ribeiro

domingo, 5 de maio de 2019

REFAZER-SE


Eu grito e choro,
Mas depois respiro e oro

Eu corro e me canso,
Mas depois me acalmo e descanso

Eu me estresso e falo,
Mas às vezes eu conto  até dez e me calo

Eu me entristeço e desisto,
Mas depois eu repenso e resisto

Eu tropeço e me espanto,
Mas depois me fortaleço e levanto

Eu me rasgo e me recosturo
Eu me desconstruo

Embora eu queira,
Nem sempre estou inteira

Demora, mas um dia  a gente entende
Que não é feita de aço
Então eu me reconstruo e me refaço.

Gilmara Belmon








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sexta-feira, 3 de maio de 2019

ESPERANÇANDO


A esperança mora no meu quintal
Tenho a alegria de tocá-la,
Sentí-la, cheirá-la

Às vezes ela murcha,
Fenece, desaparece,
Mas renasce  quando amanhece

Todo  dia é dia de esperançar,
Ainda que não nasçam flores
no meu quintal

Nem sempre poderei
Tocar na esperança,
Mas sempre alimentarei a ousadia
de transformá-la em verbo dia após dia

Gilmara Belmon

domingo, 28 de abril de 2019

ORAÇÃO POR NOSSAS LUTAS



Senhor Jesus,
Tu que sempre caminhaste na contramão
de uma sociedade opressora e excludente,
Tu que nos ensinaste a amar
Dando-nos a própria vida,
Ouve a nossa prece,
Abençoa nossa lida e nossas lutas
Nossa coragem e nossa esperança
Abençoa a nossa sede de justiça e de paz
Abençoa a nossa perseverança na semeadura
E a nossa crença na colheita
Abençoa os que se entregam às  causas coletivas
Livra-nos do comodismo e da alienação,
do individualismo e da ignorância
Livra-nos dos projetos de morte que inviabilizam o teu sonho de uma vida em abundância para todos.
Livra-nos da cegueira que nos impede de enxergar-Te no outro
Livra-nos da omissão e da falta de humanidade
Ajuda-nos a lutar contra a pequena política,
cujo objetivo é atender  aos interesses privados,
Limitando-se assim à manutenção da ordem vigente.
Ajuda-nos a fazer da nossa indignação
uma ação transformadora
Ajuda-nos a lutar por causas
que deem sentido a nossa existência.
Que à tua semelhança, saibamos amar amando,
Especialmente aqueles que mais precisam de nós.
Amém!

Gilmara Belmon

sexta-feira, 19 de abril de 2019

CLAMOR





Este cristianismo
Forjado
Descristianizado
Despascalizado
Desumanizado
Indiferente aos pobres
e marginalizados
Causa-me indignação
Nele não encontro Ressurreição!

Eis mais uma vez,
A religião e a política
Flagelando,
Cuspindo,
Crucificando Cristo

E o corpo de Cristo
Todo ensanguentado,
Sofrendo
Apaixonado
Clamando Ressurreição


Gilmara Belmon









sábado, 13 de abril de 2019

A RAPOSA E AS UVAS: UM OLHAR POLITIZADO


        Não foi apenas pela sua incapacidade de alcançar as uvas, que a raposa desdenhou da parreira. Ela queria ter a propriedade absoluta dos frutos, evidentemente ela reconhecera silenciosamente o  significado da existência daquela "árvore" para os habitantes daquele lugar, por isso tentou, sem sucesso, pegar seus frutos.
      Por causa do próprio fracasso e temendo que, com seus frutos, a árvore proporcionasse o bem comum, a raposa começou a falar mal dela. Espalhou "fake news" o quanto pode,  arrasou com a pobre da "árvore" por todos os cantos daquele lugar,  chegou até a incitar os outros bichos a apedrejá-la. Alguns chegaram até a  lançar pedras na "árvore", enquanto a raposa ficava escondida só olhando o "circo pegar fogo".
      E a parreira?! Vocês acham que ela deixaria de dar frutos por causa da tentativa da raposa de destruir não apenas a sua imagem de "árvore" frutífera, mas principalmente o significado dos seus frutos naquele lugar? Claro que não!
A parreira cada vez dava mais frutos, não obstante à perseguição da raposa, pois entendia que o seu valor estava acima dos interesses desta.
      Os muitos bichos que não se limitaram a conhecer a realidade pelo olhar interesseiro da raposa,  usaram da sua consciência crítica para enxergar que o que distanciava a "árvore" da raposa era a grandeza de uma e a pequenez da outra, bem como suas implicações na vida dos habitantes daquele lugar.


Gilmara Belmon

sexta-feira, 15 de março de 2019

ÍGNEA



Meu peito arde de indignação
ante as injustiças

Meu coração queima 
ante a indiferença dos bons

Minha alma grita 
Ante o silêncio  que naturaliza o caos

Minha alma queima, 
Arde, grita,
Chora, explode,
Inflama-se
Queima de novo,
Pega fogo,
Vive

E vivendo, vê,
Tal qual incêndio,
O mal avançando

E vivendo, ouve,
sem acreditar,
Os clamores de quem
não aguenta mais sofrer

E vivendo, grita, 
Ante a ambição desmedida
E a crueldade
Desta desumana humanidade.

Gilmara Belmon

quarta-feira, 6 de março de 2019

VER

Ver
Além
Do muro
Da grade
Da tela
Da janela

Ver
Além
Da parede
Da cerca
Da venda
Da fresta
Da fenda

Ver ,
Apesar
Do escuro
Do muro
Do sujo
Do embaçado
Do enferrujado

Ver,
Em especial,
O lado de dentro
As entrelinhas
O subjacente
Remanescente

Ver
Para além das coisas tangíveis ,
As coisas invisíveis,
Mas só com os olhos do coração

Gilmara  Belmon

Foto: Pe. Carlos Roberto Loredo

DENTRO DE MIM


Tenho tantas tintas
para colorir os meus dias
com cores inimagináveis e lindas

Tenho tantos lápis
para escrever aqui,
no agora e no porvir

Tenho tantas flores
Tenho um jardim
Tenho Ipês, Flamboyants
E borboletas
Dentro de mim

Abro portas e janelas
Para acolher as estrelas,
A chuva, a luz do sol
E a luz da lua
Dentro de mim

Tenho tantos sonhos
Tenho asas
Tenho  fomes
Tenho vida
Tenho amor
Tenho Deus

Gilmara Belmon

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

MULHERES NO PODER

Mulher no poder?
Não, não pode!

Mulher preta no poder?
Não, não pode!

Mulher preta e pobre no poder?
Não, não pode!

E quem disse que não pode?
E por que não pode?
Por que insistem em invisibilizar a força da mulher ?
Por que insistem em silenciar a sua voz?
Até quando a sociedade vai tolerar este golpe?

Dêem licença com o seu machismo,
Que a minha força feminina vai passar!
Dêem licença com seu preconceito,
Pois minha voz ninguém vai calar.

Mulheres, não se calem!
Mulheres negras, gritem!
Mulheres pobres, resistam!
Mulheres negras, pobres, mães, filhas, trabalhadoras, líderes comunitárias, líderes de movimentos, intelectuais, vereadoras, secretárias, prefeitas, deputadas, senadoras, governadoras, "presidentas", lutem!

REPRESENTATIVIDADE SEMPRE!
Mulheres no poder executivo?
Sim, pode, deve!
Mulheres no poder legislativo?
Sim, pode, deve!
Mulheres no poder  judiciário?
Sim, pode, deve!
Mulheres na política?
Sim, pode, deve!
Mulheres em cargos de chefia?
Sim, pode, deve!

Mulheres, mulheres
Onde elas quiserem!

Por que desqualificar o lugar da mulher?
Por que humilhá-la?
Por que calá-la? Reprimí-la? Desrespeitá-la?
Por que agredí-la? Matá-la?

Por que tanto desrespeito?
Por que tanta violência?

Por que as mulheres decididas,
bem sucedidas, corajosas, ( as negras, então!!), empoderadas incomodam tanto????????

Oh vós todos machistas,
Quem vos gerou?
Quem vos pariu?

Mulheres, não se calem!
Mulheres, não se intimidem!
Mulheres, resistam!

Gilmara Belmon

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

RISCOS


Mais arriscado do que comprometer-se
É omitir-se

Mais arriscado do que ousar
É  viver na mesmice

Mais arriscado do que amar
É odiar

Mais arriscado do que voar
É viver ciscando

Mais arriscado do que pensar
É  não pensar

Mais arriscado do que dizer a verdade
É deixar-se manipular pela mentira

Mais arriscado do que encarar o conflito
É fingir a paz

Mais arriscado do que ser autêntico
É ser hipócrita

É tão seguro percorrer o mesmo itinerário sempre, porém tudo o que o transcende ficará desconhecido.

Mais arriscado do que ultrapassar barreiras
É não sonhar

Viver é um contínuo arriscar-se.
Quem não corre o risco de  dar sentido à vida
Não sabe o que é viver

Gilmara Belmon

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

CON-SOLO



CON-SOLO

Quando se sentir sem chão,
Olhe para o céu e seja grata
Não se desgaste  tanto
Por  aquilo que lhe falta

Valorize o que  tem
Faça-o frutificar
Partilhe com os outros
O principal não vai faltar

Preste atenção nas coisas simples
Observe, celebre, ame, agradeça
Deus nos concede bençãos
Ainda que a gente não mereça

Quando se sentir sem solo
Continue a caminhada
Deus  é o nosso con-solo
E caminha conosco nessa estrada

Gilmara Belmon

Fotos: Célia Bahia

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

CAMINHAR


De todos os pedidos que recebi
Este foi o melhor que eu ouvi:
" Quero alguém para sonhar comigo!"

É o que busco no meu caminhar
Cujo horizonte é despertar nas pessoas
O desejo de transformar o seu lugar

Não há espaço para ranços no meu caminho
Nem chão para quem só quer vencer sozinho

Quero distância de quem só apedreja
Não tenho tempo nem paciência
Para quem só vive de  queixas

Queres a justiça?
Desejas a paz?
Mas onde está a tua luta?
Por que a tua queixa veio sem ela?
Por que queres a mudança
Assistindo à realidade debruçado na janela?

Quero caminhar ao lado
De quem se aventura a sonhar
De quem se dispõe a aprender
A ver, escutar, realizar, sentir, lutar

Gilmara Belmon

Créditos da foto: fanpage da Prefeitura de Terra Nova (BA)

sábado, 19 de janeiro de 2019

O PORQUÊ




Porque passei pelo breu,
Celebrei a chegada da luz

Porque enfrentei o medo,
Conheci  a coragem

Por causa das quedas,
Eu  aprendi a levantar

Porque sofri de ausências,
Dei-me conta do valor das presenças
Por causa da distância, afetou-me a saudade

Quando as fomes e a indignação me tomaram,
Eu aprendi a lutar

Por causa do horizonte,
Eu não desisti de  caminhar

Por causa da sede,
Eu me desintalei para ir em  busca da fonte

Eu preciso do conforto das linhas retas
Tanto quanto preciso dos desafios das linhas sinuosas

Eu preciso da estrada íngreme
Tanto quanto preciso da estrada plana

Eu  preciso da planície,
Mas também da montanha

O sofrimento é doloroso,
Mas há lições que só ele pode ensinar

Foi por causa da minha inquietude diante da vida,
Que me arvorei na busca do conhecimento
E também  apendi a sonhar

Se não há uma causa,
Não há porque existir
Não há porque esperançar

Gilmara Belmon

Créditos das imagens: Valdemar Ferreira e Alan Bacelar


sábado, 12 de janeiro de 2019

POR ORA




Aquiete os seus anseios
Acalme o seu coração
Adormeça os seus  desejos
Transforme preces em gratidão

Dê uma trégua em suas lutas
Esqueça um pouco as batalhas
Guarde a revolta, o grito
Descanse as suas causas

Desague suas angústias
Silencie suas dores
Acaricie a sua alma
Lembre dos seus amores

Aprenda a olhar
Em tudo há novidade
Olhe o horizonte
Ame de verdade

Gilmara Belmon

Fotos: Valdemar Ferreira

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER



Basta olhar ao redor,
Não muito longe de nós mesmos,
Quantos famintos!
Quantas fomes!

Corações piedosos
Por vezes, contentam-se
em  sacudir o Mestre,
Que parece não enxergar
a fome que assola a humanidade,
e clamam a Ele que resolva a situação
tão incômoda aos seus olhos.

Corações piedosos,
por vezes,
despedem o faminto com um
“Deus há de saciar a tua fome!”
- É só o que podemos fazer! Justificam.

Que tal aderir ao imperativo do Mestre?
“Dai-lhes vós mesmos de comer!”
Mas, “Não dê o peixe, ensine a pescar”, é o dito popular!
Dar o peixe é se conformar às injustiças deste mundo,
É saciar a fome momentânea sem restituir a dignidade.
Ensinar a pescar é reverter a ordem das coisas,
É amenizar  a produção da  fome tão útil aos poderosos,
entretanto, não basta saber pescar,
se muitas vezes, não há condições para tal.

Mas, o “Dai-lhes vós mesmos de comer”
É maior do que tudo isso!
É trabalho, partilha, amor, justiça,
Política!
É não transferir ao Divino
A responsabilidade humana,
É mais do que dar o peixe,
É mais do que ensinar a pescar,
É lutar para que todos
Tenham vida plenamente,
É sentir as fomes com os outros
É sentir a fome dos outros
E deles se aproximar
Com eles e por eles lutar
Por um outro mundo possível
No qual  ninguém morrerá de fome,
De nenhuma fome!
Antes, a fome será um instrumento
para buscarmos continuamente,
insistentemente a nossa auto-realização,
A nossa vocação de SER MAIS
A nossa e a dos outros!

Gilmara Belmon

domingo, 6 de janeiro de 2019

VIMOS A TUA LUZ


Eu vi a Tua luz
E vim adorar-Te
Saí de lá do meu comodismo,
Pois Tua luz me desinstalou
E me fez caminhar até aqui

Ao longo da caminhada,
A Tua luz iluminava a estrada
Percebi que eu não estava sozinha
Comigo caminhava quem
Tinha as mesmas fomes que eu
E com eles eu vi a Tua luz

Vimos a Tua luz
Nas  mãos que preparavam o alimento
Para saciar a fome de outros

Vimos a Tua luz
Na  boca de quem anunciava
A tua Palavra  e a servia como alimento
Para a fome  da alma de muitos

Vimos a Tua luz
Nos pés de quem seguia
Os Teus passos
Na luta por  um mundo  fraterno

Vimos  a Tua luz
Naqueles que tinham  tempo para servir
Naquelas que  costuravam palavra e vida

Vimos a Tua luz
Nos sedentos de justiça  e de cidadania
Nos famintos de amor e de alegria

Vimos a Tua luz
Nos olhares esperançosos
Nos inquietos e comprometidos
Nos pobres  desvalidos
Nos humilhados e esquecidos

Vimos a Tua luz
E viemos Adorar-Te
Não trouxemos nenhuma oferta
Além da sede de construir
O Teu Reino no meio de nós

Gilmara Belmon

06 de janeiro de 2019
Domingo da Epifania do Senhor

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

DECRETO DA ESPERANÇA


Se eu pudesse baixar um decreto
No primeiro dia deste ano já em curso
Decretaria que todos se engravidassem
Sim, que se engravidassem de ESPERANÇA

O decreto não valeria somente para as mulheres
Pois os homens a cada dia precisam engravidar-se
Gerar mais amor, permitir-se mais viver, SER

Não valeria apenas para as mulheres que nunca engravidaram
Valeria também para aquelas que esqueceram a fecundidade
E se deixaram tomar por tudo que significa menos FEMINILIDADE

O decreto teria jurisdição sobre os consagrados pelo Reino 
Possibilitaria que a ternura acompanhasse mais as suas ações
Conscientizar-nos-ia ainda mais de que somos peregrinos
Da vida plena que se esconde em cada gesto de AMOR

Este decreto reconhece que todos nós temos fome
De pão, feijão, arroz, gestos de bondade, fraternidade
De que a crise esteja de passagem temos NECESSIDADE

No final de tudo
Quando o horizonte parecer mais próximo
Decretaria o fim deste decreto

Pe. Júlio César Santa Bárbara

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...