quinta-feira, 17 de agosto de 2017

OS AMIGOS CURAM





Os amigos curam, sabia?

Não aprendi isto com os médicos, psicólogos, teólogos, religiosos, padres, nem com o Pequeno Príncipe, com a sua rosa, nem com a raposa, nem com os poetas, com nenhum grande escritor. Não aprendi isto com as canções, com nenhuma obra de arte.

Aprendi com eles: meus amigos.

Meus amigos me curam.

Curam-me das prisões em que eu mesma cuido de me encarcerar. Eles me ajudam a diminuir o policiamento que eu empreendo a mim mesma.

Curam-me dos pesos que por vezes carrego e que parecem ser mais pesados do que eu quando caminham ao meu lado e dividem o fardo comigo.

Curam-me da sisudez que me toma quando me vejo num labirinto por que seguram a minha mão e me ajudam a procurar uma saída.

Curam-me do choro mal chorado quando me dizem: Chora amiga!

Curam-me da cegueira que por vezes de mim se apodera quando me ajudam a enxergar o contexto em que me encontro.

Curam-me do comodismo nos momentos difíceis que me limita ao pessimismo e às eternas queixas, quando me sacodem e me obrigam a olhar para trás, para frente e refazer o caminho.

Amigos curam porque tem o poder de nos arrancar o sorriso que não queria sair de jeito nenhum. Com os amigos rimos das coisas mais bobas, mais simples, mais ridículas, mais loucas, rimos até mesmo enquanto choramos.

Com os amigos todas as medidas desaparecem, não contamos o tempo, não contamos os passos, não medimos peso, não medimos distância...

Os amigos nos curam seja por grandes atitudes, seja por um abraço aconchegante, seja por um abraço com os ouvidos, com os olhos, seja por um abraço com a alma.

Os amigos nos curam sem nenhum ritual miraculoso, sem nada de extraordinário ou sobrenatural. Eles simplesmente nos curam com e pelo que são, eles são presentes, e na presença deles não precisamos atuar, nem fingir ser quem não somos, não precisamos nos apresentar, nem representar porque eles já nos conhecem pelo avesso, às vezes nem precisamos dizer uma palavra.

Os amigos nos curam e na maioria das vezes, nem sabem disso, porque não tiveram essa intenção, simplesmente são. E é justamente isso que nos cura, esse amor despretensioso, não planejado, gratuito, simples, verdadeiro, desinteressado, construído e também doado.

Não é que eles me impeçam de cair, é que eles insistem em não me deixar caída. Não é que tenham respostas sempre, é que eles por vezes me devolvem a pergunta e gestam em mim a reflexão. Não se trata de agir no meu lugar, de caminhar por mim, trata-se de caminhar comigo.

Enfim, os amigos curam quando menos esperamos, eles nos curam... Com seu amor transfigurado na amizade nos faz sentir Deus, e, aquecendo o nosso coração, nos trazem a felicidade de nos sentirmos verdadeiramente amados.



Gilmara Belmon




7 comentários:

  1. Parabéns, Gil. Que possamos ter o privilégio de, ao reconhecer um amigo, ele possa nos curar. Bjo.

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  2. É muito bom ter amigos. Esse texto vem traduzir a beleza de uma amizade. Amigo que cura pelo seu amor e carinho.

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  3. Você com o poder de nos encantar também nos cura!! Obrigada!!

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