Os amigos curam, sabia?
Não aprendi isto com os médicos,
psicólogos, teólogos, religiosos, padres, nem com o Pequeno Príncipe, com a sua
rosa, nem com a raposa, nem com os poetas, com nenhum grande escritor. Não
aprendi isto com as canções, com nenhuma obra de arte.
Aprendi com eles: meus amigos.
Meus amigos me curam.
Curam-me das prisões em que eu mesma
cuido de me encarcerar. Eles me ajudam a diminuir o policiamento que eu empreendo
a mim mesma.
Curam-me dos pesos que por vezes carrego
e que parecem ser mais pesados do que eu quando caminham ao meu lado e dividem
o fardo comigo.
Curam-me da sisudez que me toma quando
me vejo num labirinto por que seguram a minha mão e me ajudam a procurar uma
saída.
Curam-me do choro mal chorado quando me
dizem: Chora amiga!
Curam-me da cegueira que por vezes de
mim se apodera quando me ajudam a enxergar o contexto em que me encontro.
Curam-me do comodismo nos momentos
difíceis que me limita ao pessimismo e às eternas queixas, quando me sacodem e
me obrigam a olhar para trás, para frente e refazer o caminho.
Amigos curam porque tem o poder de nos
arrancar o sorriso que não queria sair de jeito nenhum. Com os amigos rimos das
coisas mais bobas, mais simples, mais ridículas, mais loucas, rimos até mesmo
enquanto choramos.
Com os amigos todas as medidas
desaparecem, não contamos o tempo, não contamos os passos, não medimos peso,
não medimos distância...
Os amigos nos curam seja por grandes
atitudes, seja por um abraço aconchegante, seja por um abraço com os ouvidos, com
os olhos, seja por um abraço com a alma.
Os amigos nos curam sem nenhum ritual
miraculoso, sem nada de extraordinário ou sobrenatural. Eles simplesmente nos
curam com e pelo que são, eles são presentes, e na presença deles não
precisamos atuar, nem fingir ser quem não somos, não precisamos nos apresentar,
nem representar porque eles já nos conhecem pelo avesso, às vezes nem
precisamos dizer uma palavra.
Os amigos nos curam e na maioria das
vezes, nem sabem disso, porque não tiveram essa intenção, simplesmente são. E é
justamente isso que nos cura, esse amor despretensioso, não planejado, gratuito,
simples, verdadeiro, desinteressado, construído e também doado.
Não é que eles me impeçam de cair, é que
eles insistem em não me deixar caída. Não é que tenham respostas sempre, é que
eles por vezes me devolvem a pergunta e gestam em mim a reflexão. Não se trata
de agir no meu lugar, de caminhar por mim, trata-se de caminhar comigo.
Enfim, os amigos curam quando menos
esperamos, eles nos curam... Com seu amor transfigurado na amizade nos faz
sentir Deus, e, aquecendo o nosso coração, nos trazem a felicidade de nos
sentirmos verdadeiramente amados.
Gilmara Belmon
Esse texto me representa...😍 Lindo!
ResponderExcluirObrigada, Nara!
ExcluirQue bom!
Muito lindo
ResponderExcluirParabéns, Gil. Que possamos ter o privilégio de, ao reconhecer um amigo, ele possa nos curar. Bjo.
ResponderExcluirÉ muito bom ter amigos. Esse texto vem traduzir a beleza de uma amizade. Amigo que cura pelo seu amor e carinho.
ResponderExcluirQue texto lindo!
ResponderExcluirVocê com o poder de nos encantar também nos cura!! Obrigada!!
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