VALENTIA E ESPERANÇA

Ainda que o dia brigue com a noite
Eles se encontrarão ao anoitecer
Ainda que a luz do sol esconda o brilho das outras estrelas
Elas continuam brilhando sem ninguém ver
Saudade também se sente de quem está perto
Solidão também se faz presente quando não se está sozinho
Há um rastro de coragem nos meus medos
E um punhado de medo na minha coragem
Há vestígios de valentia nas minhas lutas
Há teimosia na construção do meu caminhar
Que faz sangrar os meus pés
Mas não me paralisa
Há uma chama de amor na minha esperança
Ela guia as minhas andanças e os meus voos
O desafio me seduz
Sem, contudo tirar de mim o temor e o tremor
Enfrento ventanias e tempestades para chegar aonde quero
Não sem mensurar os riscos da caminhada
O atalho é um convite a chegar mais rápido,
Porém entre o mais fácil e o melhor,
Eu escolho o segundo
Escolher por vezes dói
Não escolher pode ser mais doloroso ainda
Escolho, portanto, caminhar

Gilmara Belmon

Vídeo: Apresentação do Texto de Cora Coralina: Colcha de Retalhos

Esta apresentação aconteceu num evento para professores, no município de Amélia  Rodrigues (BA).

COLCHA DE RETALHOS

                            Cora Coralina

Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior. Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade…que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo.

E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados…haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.

E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de nós.