quinta-feira, 8 de março de 2018

Oito de Março





Como diria Cora Coralina:
“Eu sou aquela mulher...”
Que une a sua voz
À voz de tantas outras mulheres
Que, numa atitude de resistência,
Recusam as homenagens no dia dedicado a elas
Por vezes, dizer “não”
Quando todos esperam ouvir um “sim”
É a única forma de sermos ouvidas
Não queremos que nos deem voz
Voz nós temos
Queremos os ouvidos e os olhares atentos
De uma sociedade que insiste em
Não nos ouvir e em não nos ver como realmente somos
Recusamos homenagens no dia de hoje
De quem passa os outros 364 dias do ano
Reproduzindo discursos, piadas, músicas que nos inferiorizam
Recusamos homenagens no dia de hoje
De quem passa os outros 364 dias do ano
Indiferente às lutas de tantas mulheres
Que precisam gritar para que compreendam o óbvio:
O direito de ser mulher
Nem igual, nem menor, nem maior do que o homem
Recusamos homenagens no dia de hoje
Que, mais do que ser celebrado,
Existe para que mulheres e homens
Reflitam, apoiem e reforcem a luta contra
Tudo que viola, que violenta, que inferioriza
O direito da mulher de ser mulher
Fora dos padrões determinados
Pela sociedade hipócrita
Que naturaliza o pensamento machista
Que oprime, ridiculariza,
E destitui a mulher da sua dignidade
E justamente o dia de reforçar a reflexão e a luta
É transformado em  dia de  homenagem
Não se trata aqui de uma ode ao fracasso,
As lutas não foram vãs
A história nos mostra isso
É antes um alerta
Para que o dia Internacional da Mulher
Não se restrinja a um dia de homenagens
Sem reflexão e sem luta.

Gilmara Belmon


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