segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A DOR



Ah a dor existe sim!
Existe e insiste em aparecer
E é justamente nas horinhas de descuido
Que ela nem mesmo se apresenta,
Apenas chega sem nada dizer
E a alegria que fazia festa no meu peito
Agora assim sem jeito
É obrigada a se esconder.

Ah dor infame
Que impediu o meu riso de aparecer
Só me resta agora senti-la até porque
Não há outra coisa a se fazer

Mas não é isso mesmo que é o viver?
Às vezes luz, às vezes trevas,
Às vezes dor, às vezes prazer?

Eu só quero que diante do que me faz doer
Eu me abandone em Deus
E transforme em esperança o meu sofrer

Gilmara Belmon

sábado, 27 de janeiro de 2018

VOCAÇÃO DE AMAR




Percebi o amor

Escondido nas  lágrimas

De quem partiu

E nas lágrimas de quem ficou



O amor se encarnou

E se fez ouvidos para o calado

Se fez ombros para o desolado

E se fez abraço para  o solitário



O amor se fez voz para dar vida aos versos

E se fez asas para o ousado alçar voos



Descobri que o amor não passa,

Mas também não para

Ele é movimento

É brisa, é vento

Vai e vem

Vai de mim para ti

E vem de ti para mim



O amor se diz nas entrelinhas

Mas tem gente que não lê

O amor protege, cuida e zela

O amor não dorme, vela

Sem planejar

Sem anunciar,

Mas por puro dom

Vocação de amar

   

   Gilmara Belmon







sábado, 20 de janeiro de 2018

À BEIRA DO CAMINHO




Das coisas que encontrei
à beira do caminho
Encantaram-me as flores.
 
Algumas simples,  
Outras nem tanto,  
Mas sempre belas.  
Ainda que eu não olhasse para elas,  
Continuariam esbanjando beleza.  
Sorte a minha  
Que o meu olhar as encontrou.
 "É preciso saber olhar."  Dizia a poetisa.
Há quem tenha trilhado uma longa jornada  
E só conseguira enxergar  
As pedras, os buracos e os espinhos  
E por isso deixou de ver  
A borboleta amando a flor  
E as plantas dançando ao embalo do vento.
Ah, eu enxerguei as flores,
Elas sorriram para mim  
E eu fiquei em estado de encantamento.  
Quanto às pedras?  
Eu até as vi,  
Como vi os espinhos e os buracos no caminho.
Contornei-os quando me foi possível.  
Alguns levaram mais tempo, outro não.
O essencial é não deixar de caminhar
E ao caminhar, saber enxergar a beleza das flores.


Os obstáculos na caminhada são inevitáveis. Saber olhar para além deles é um aprendizado que comporta riscos e encantamento.


Gilmara Belmon


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018



A FESTA DA AMIZADE

Eis que a amizade adentrou a esta casa
E se fez festa no meio de nós
Felizes, saboreamos e celebramos
O prazer de estarmos juntos

Eis que a alegria se fez bebida
E tomou conta de todos nós
Da nossa mesa, da nossa casa
Do nosso corpo, da nossa alma

Eis que a poesia se fez alimento
E foi servida no meio de nós
Saciou a nossa fome de beleza
E todos nós ficamos encantados

Eis que testemunhamos:
O amor de Deus se fez amizade, festa e poesia
E reverberou em cada um de nós

Gilmara Belmon

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...