sexta-feira, 13 de outubro de 2017



Perdoa o meu ócio
Pois é nele que provoco o que há
De misterioso em mim
Mergulho em meu ser
Deito-me nas memórias
E cubro-me de fantasias
Escorrem de mim
Confissões
Declarações
Recordações
E as mulheres e as meninas
Que me habitam
Não se cansam de dizer
Uma delas se revela na madrugada
Outra no amanhecer
Uma menina floresce em mim
A cada poesia que recebe
Outra, a cada poesia que escreve e doa
E doando poesia, ela se doa também
Mas há em mim
Uma mulher intrigante
Teimosa e atormentada
Não se satisfaz com nada,
Assim como a menina,
Ela também escreve
Escreve num parto que se renova sempre
Ao parir, ela se desmonta, se despedaça,
Sangra, grita e chora silenciosamente
E, tendo dado à luz ao escrito,
Seu corpo sorri para a vida
Ah estas mulheres,
Estas meninas
Ninguém as vê  com o olhar viciado
Para enxerga-las é preciso despir os olhos
Elas só podem ser lidas nas entrelinhas
Ah,  este ócio que vez ou outra me permito viver
Salva-me dos dias escarpados.

Gilmara Belmon

ESCREVER E OFERTAR

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