Despida de um olhar viciado,
Pois meu ser parece cansado do que vê
Às vezes me questiono:
De que matéria somos feitos
Nós, os oprimidos e explorados?
Onde pisam os nossos pés?
Pois nos recusamos a acreditar
no que vemos e ouvimos?
A ganância e a indiferença
Tomando conta da humanidade,
Os interesses individuais
Prescindindo dos interesses coletivos
O que é mesmo SER HUMANO?
O “eu” usurpou o lugar do “nós”
E ninguém mais se reconhece como
Coabitantes desta grande CASA
Quem dirá como irmãos
Fizeram da política uma podridão
E assim cada vez mais os íntegros
Se cansam e se afastam dela
Se os que têm sede de justiça
odeiam a política,
Ela se despe de humanidade
E os desumanos se apoderam dela
Ah...lobos que nem mais se ocupam
Em se travestir de cordeiros
Apresentam-se como lobos mesmo!
A exploração das "ovelhas"
Constitui motivo para suas farras,
Porque da exploração advém seus lucros,
Da corrupção advém suas riquezas!
Desgraçados eles, opressores!
Desgraçados seus defensores!
Desgraçada e desumana "política"!
Desgraçada a religião forjada
Cujos pastores se beneficiam
da exploração de suas ovelhas
Desgraçadas a educação e a religião
que apassivam e oprimem,
mas não emancipam,
Não libertam
Alienados os que perguntam:
O que será de nós?
Mas conformados, não resistem
E nem põem a mão no arado com os demais.
Gilmara Belmon