segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER



Basta olhar ao redor,
Não muito longe de nós mesmos,
Quantos famintos!
Quantas fomes!

Corações piedosos
Por vezes, contentam-se
em  sacudir o Mestre,
Que parece não enxergar
a fome que assola a humanidade,
e clamam a Ele que resolva a situação
tão incômoda aos seus olhos.

Corações piedosos,
por vezes,
despedem o faminto com um
“Deus há de saciar a tua fome!”
- É só o que podemos fazer! Justificam.

Que tal aderir ao imperativo do Mestre?
“Dai-lhes vós mesmos de comer!”
Mas, “Não dê o peixe, ensine a pescar”, é o dito popular!
Dar o peixe é se conformar às injustiças deste mundo,
É saciar a fome momentânea sem restituir a dignidade.
Ensinar a pescar é reverter a ordem das coisas,
É amenizar  a produção da  fome tão útil aos poderosos,
entretanto, não basta saber pescar,
se muitas vezes, não há condições para tal.

Mas, o “Dai-lhes vós mesmos de comer”
É maior do que tudo isso!
É trabalho, partilha, amor, justiça,
Política!
É não transferir ao Divino
A responsabilidade humana,
É mais do que dar o peixe,
É mais do que ensinar a pescar,
É lutar para que todos
Tenham vida plenamente,
É sentir as fomes com os outros
É sentir a fome dos outros
E deles se aproximar
Com eles e por eles lutar
Por um outro mundo possível
No qual  ninguém morrerá de fome,
De nenhuma fome!
Antes, a fome será um instrumento
para buscarmos continuamente,
insistentemente a nossa auto-realização,
A nossa vocação de SER MAIS
A nossa e a dos outros!

Gilmara Belmon

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...