segunda-feira, 25 de setembro de 2017

NINGUÉM VÊ




Ninguém vê o inchaço

nos dedos dos pés

da bailarina por dentro

da sapatilha que brilha

durante o espetáculo



Ninguém vê os calos nos dedos

Do violonista que se escondem

Por entre as notas da canção

Que ele toca nas cordas do violão



Ninguém vê a angústia

Que o poeta transforma em metáforas
E derrama na palidez do papel



Ninguém vê o esmero nos rascunhos

dos cronistas, contistas

que em algum momento ganha vida

e fascina os seus leitores



Ninguém vê o tempo empreendido

nos ensaios dos cantores,

Dos músicos e atores cujo ofício

Encanta os famintos de beleza



Ninguém vê o dilema do educador

Ao empreender esforços em formar para cidadania

Num contexto em que a educação não é valorizada



Ninguém vê as mãos sujas do jardineiro,

Nem os calos nas mãos dos que preparam a terra

O suor do trabalhador é invisível



O que podem esperar

Aqueles que desejam vencer,

Mas rejeitam a luta?

O que podem esperar 
Aqueles que desejam chegar sem enfrentar a estrada?



A caminhada com seus espinhos e pedras

Cansa a nossa alma,

Porém, se escolhermos não caminhar,

Como construiremos o caminho?






Gilmara Belmon


ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...