sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Aos que perderam pessoas queridas:

A DOR DA GENTE

Enquanto sofremos
O tempo passa
Indiferente às nossas perdas e danos

O tempo corre, voa
Enquanto tudo para dentro da gente

E a gente sente que tudo deveria parar
Porque o mundo da gente desabou
E a gente não sente o desejo,
A força e o ânimo para continuar

Quando perdemos quem amamos,
Perdemos parte da gente também
É uma dor,
Uma dor tão grande,
Tão forte,
Que parece que não vai passar nunca
E nunca é um tempo grande demais

Quando alguém que amamos parte,
Dói ficar!
Quando alguém que amamos morre,
Dói viver!
Tudo dói!
Até esse tempo que não espera
A gente chorar tudo que tem pra chorar
E tudo é muita coisa!

O tempo cobra de nós decisões e atitudes
Que a dor não deixa a gente em paz para tomar
Aqueles que nos amam se aproximam
E até tentam nos ajudar a carregar a cruz
A suportar, a lidar com a dor,
Mas a dor é tão nossa
Que parece impossível partilhar

E é justamente nesta hora que o chão nos falta
Por causa da dor, da perda, dos danos
Deus se faz chão para nós,
Pois Ele é o nosso CON-SOLO

Quando tudo em nós é dor,
Deus nos envolve com seu amor
Deus é TUDO!
E TUDO é mais do que podemos sentir
É mais do que podemos supor

Gilmara Belmon

domingo, 2 de dezembro de 2018

UMA MENSAGEM DE AMOR


                        






Havia uma mensagem de amor a ser dada
E a abelha escolheu não ficar parada

Voou de flor em flor
Só para espalhar o amor

E o  amor  se tornou realidade
Por causa da coragem da abelha
Que ousou amar a flor
Em vez de apenas contemplar o jardim

E assim o amor ficou não só na flor,
Mas também nas asas da abelha
E em todos os lugares que ela sobrevoou

O amor é o pólen que fecunda o nosso ser
Quanto mais a gente dá,
Mais tem pra oferecer
Frutificará na vida de quem ofertar
E alimentará a fome de quem receber

Por causa do amor 
A gente escolhe não se acomodar
Enquanto ele não der frutos

O amor torna fecunda a nossa existência  
E dá sentido à nossa resistência

Eu já vi o amor  encurtar distância
Eu já vi o amor fazer cego enxergar
Eu já vi o amor alimentar a esperança
Eu já vi o amor fazer gente voar

Não importa o quão êfemera seja a flor
O importante é amá-la 
enquanto viva ela for

Haverá sempre uma mensagem de amor 
Esperando  alguém para anunciar
Feliz daquele que não se calar

Gilmara Belmon

Foto: Jussara Cordeiro
Local: Amélia Rodrigues- BA

sábado, 1 de dezembro de 2018

ÀS MULHERES QUE OUSAM


Somos daquelas que não dão guarita ao medo,
Os nossos sonhos não podem esperar

A fé que temos na humanidade
Nasce e renasce em nós todos os dias,
Sobrevivendo ao discurso de que
Ao  mundo não tem mais jeito a dar

Mas como o mundo não tem mais jeito,
Se nós estamos aqui?

Olhamos quem está a nossa volta,
em nosso caminho
e chamamos para desbravar a vida

Olhamos o que há em nossa volta,
em nosso caminho
E abraçamos para enfrentar a vida

Ousamos sonhar
Ousamos semear
Ousamos nos dizer
Ousamos resistir
Recusamos à tentação de simplesmente existir

Temos fome do horizonte
e não obstante a sua lonjura,
A gente segue caminhando

Ai de nós se estagnarmos!
Somos movidas pela fé,
Pela esperança,
Pelo desejo de transformar
E, transformando,
Transformamo-nos também!
Somos daquelas cujos olhares enxergam além
Quem não consegue ver o que vemos
Nos chamam de loucas, bruxas, fadas, subversivas, sonhadoras, perturbadas

Mas sigamos  teimosas e  persistentes,
Há quem só enxergue o horizonte
por causa da luta da gente.

Gilmara Belmon

Créditos da foto: Tâmiires Ribeiro
Local: Estrada da Mata Velha em Amélia Rodrigues - BA

domingo, 18 de novembro de 2018

CORAÇÃO DE CRIANÇA


Quando uma criança
Abrir-lhe o coração,
Tire as sandálias e entre

Mas entre sem pretensão
De lhe impor uma lição,
Um conhecimento, uma teoria

Ao entrar no coração de uma criança,
Nada queira ensinar-lhe
Sem que antes se disponha a escutá-la

E então viverá
Uma experiência fascinante,
Mais do que ensinar,
Você irá aprender e se encantar

Ser criança é viver
Num contínuo estado de poesia
É olhar o mundo com os olhos do coração
É saber enxergar a beleza
na simplicidade da vida
Coisa que o olhar adulto desaprendeu a fazer

E quando uma criança abrir-lhe o coração
Entre de pés descalços
Sinta-a, escute-a,  olhe-a, ame-a
Você jamais sairá
do mesmo jeito que entrou

E ao sair, abra também o seu coração
Convide a criança que há em você
Para brincar ,sorrir, dançar e viver
Não deixe nunca a sua criança crescer

Gilmara Belmon

Foto: Oficina de Poesia com os catequizandos da Paróquia São José Operário ( Feira de Santana- BA)

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

COLO DIVINO


Jesus, Senhor da minha vida,
Coloco a minha cabeça
No teu divino colo
E nele descanso
minhas inquietações,
meus sonhos
e meus medos

A Ti eu me entrego,
Em Ti eu me derramo
Me deito
Me jogo
Me despedaço
Me rasgo

Porque o cansaço me tomou por inteira,
Eu cochilei enquanto orava,
O sono era para mim um luxo,
Um fragmento de liberdade
E quando acordei
Eu me dei conta de que
deixei-Te falando sozinho
Eu quis retomar a conversa,
Mas a verdade é que eu me apresentei a Ti
quando eu era apenas uma sobra
da mulher que vencera mais um dia

E a cada descuido meu,
Eu me permiti ser velada por  Ti
Eu me rendi
Escolhi permanecer em Teu colo
Preciso do Teu cafuné,
Do Teu dengo, do Teu amparo
Do Teu doce aconchego
Eu preciso de Ti, Meu Senhor
Para enfrentar e viver a vida
Para, apesar das vendas impostas,
Continuar a enxergar  horizontes

No teu colo, oh Senhor,
O medo não me toma
Aos cuidados do Teu amor,
Eu morro para de novo viver

Gilmara Belmon

terça-feira, 13 de novembro de 2018

HERDEIROS DA ESPERANÇA

Foto: Jucy Brito
Local:Terra Nova - BA







  • Foi a partir dos engenhos
    Que Terra Nova se formou
    Somos homens e mulheres
    Herdeiros daqueles
    Que nos engenhos
    Derramaram seu suor e seus sonhos
    E será que sonharam?
    Ah sonharam...
    Sonharam com o melhor para os seus
    Uma terra melhor
    Um mundo melhor
    Com tudo aquilo
    Que eles nunca chegaram a possuir
    Que nem mesmo sabiam como era usufruir
    Sonharam com uma vida diferente
    Queriam emancipação
    Queriam educação para sua gente
    Nossos antepassados fizeram história,
    Suando
    Construíram a história,
    Lutando,
    Sonhando,
    Sofrendo...
    Eles são a própria história
    Eis no nosso solo massapê
    As marcas do quanto eles cultivaram
    Para que tivéssemos o que temos hoje aqui
    Eis o nosso chão
    Quão admirável fertilidade
    Eis a nossa terra, a nossa identidade
    Somos descendentes daqueles que cortaram a cana
    Produziram o açúcar e das Usinas tiraram o seu sustento
    Miremos seus exemplos
    Somos seus herdeiros,
    Trabalhadores,
    Sonhadores, esperançadores
    Temos os samba nas mãos e nos pés
    Olhemos a paisagem, o bueiro, o chalé
    Miremos a beleza do horizonte
    Como é tão distante!
    Não cansemos de esperançar
    Fazer história é um constante caminhar

    Gilmara Belmon





quinta-feira, 8 de novembro de 2018

CHUVA, FLOR E AMIZADE

CHUVA, FLOR E AMIZADE

A chuva beija a flor
E a encharca de afeto
Toca-a para que sinta
Que ela está por perto

Um amigo é como aquela chuva
Que encharcou a flor de afeto
Sempre acha um jeito de nos tocar
Esteja ele longe ou perto

Gilmara Belmon

Foto: Gilmara Belmon
Local: Jardim da autora

terça-feira, 6 de novembro de 2018

LÁ ONDE HABITA O AMOR


Chegando lá, o amor logo se apresentou antes mesmo que minha irmã e eu entrássemos na casa.
Apresentou-se assim o amor no cheiro amoroso da comida preparada pelas mãos cuidadosas de D. Benta e, ao mesmo tempo, nos olhares ternos e nos sorrisos acolhedores das pessoas a nos abraçar, antes mesmo que seus braços nos alcançassem.
E foi assim a todo instante nas pequenas coisas o amor ia se apresentando, nos rostos risonhos e amorosos durante o almoço, como também, nas mãos zelosas de Caio ao trocar os meus talheres por outros mais novos.
Apresentou-se assim o amor no zelo revelado na mesa posta a qual não tínhamos pressa em deixar. Nas palavras de D. Benta: “Hoje abrimos a mesa, não é todo dia que isso acontece!”
E nós que não queríamos fechar a mesa, mesmo tendo terminado o saboroso almoço, deixamo-nos encantar pelos risos, causos que surgiam um após outro, pelo delicioso sorvete, pelas cocadas feitas por Romana, pelo fascinante licor português trazido pelo filho padre, pelas balas de jenipapo feitas por mainha, pelo saboroso cafezinho, e pelo  amor que ficara ali perpassando a tudo e a todos.
Descortinava-se o amor nas memórias de D. Benta a relatar com brilho nos olhos a Ordenação do filho que, no dizer dela e no meu também, fora a mais bela de todas já vistas por lá como também mais bela não haverá.
E o amor se apresentava em cada membro da família que aparecia de repente. O amor, sempre o amor, que se revelava no olhar amoroso de D. Benta dirigido a mim e que eu percebia quando despertava dos meus pequenos momentos de distração.
Desfilava assim o amor nas suas memórias da minha amizade com seu filho de longas datas, de velhos tempos e que nunca morrera, nunca adormecera porque o amor nunca deixara.
Espalhara-se o amor pelo quintal a fora por entre as plantações. E, adentrando à biblioteca do padre,  entremeara-se com os livros.
Em nosso círculo de fé e poesia, de mística e poética o amor reinou como partilha arrancando-nos sorrisos e causando-nos encantamento, gestando sonhos e amorosidade  ao som das conversas e gostosas risadas das amadas pessoas da família,
cujo som vinha de lá da cozinha que em nada nos tirava a tranquilidade.
Também o tempo corroborou com o amor, não se apressou, ficou sem passar, passando...
Ao fim da tarde, a  lua brilhara ali no quintal, linda, livre e inteira fazendo o meu olhar  e o de Romana flutuarem seduzidos pela sua beleza, mas com os ouvidos atentos aos prazeres tecidos pela sedutora narrativa de Lispector, na voz suave do amigo padre e poeta.
E ao amor que testemunhara tudo, brindamos com o fascinante licor e a tão familiar caneca de café.  Não queríamos que o encontro chegasse ao fim, não sei dizer ao certo se chegou, penso que o amor não deixaria, não deixara. Ao que parece, aquele saboroso momento delicadamente desenhado por Deus continuou acontecendo lindamente em nossas memórias como faíscas de eternidade!

Gilmara Belmon


sábado, 3 de novembro de 2018

SEMEAR OU MORRER


Pode ser que alguém já tenha sonhado
Com o que hoje  estou  semeando

Alguém, um dia, verá crescer
O que hoje estou regando

Alguém haverá de colher
O que hoje estou cultivando

E se alguém destruir?
E se ninguém regar?
E se não florescer?
E se não frutificar?
E se a planta morrer?

Não cabe a mim perguntar
Como não cabe a mim responder
A única certeza que tenho ao semear
É de que preciso fazer

Ainda bem que existe a semente
Entre mim e ela
A minha fome de plantar
A minha fome de cuidar
Encantada pelo sonho e pela esperança

Se eu não sonhar
Se eu não esperançar
Se eu não me entregar à semeadura
Ainda que seja incerta  a colhedura

Morrerei de fome.

"A tua fome é de colher", dirão.
"A minha fome é de VIVER", direi.



Gilmara Belmon

terça-feira, 23 de outubro de 2018

CON-VERSA COM DEUS


Se converso com Deus?
Claro que converso,
Ou melhor, con-versamos!
Ele volta-se para mim
E eu me volto para Ele
E então, permaneço em Sua companhia!
Mas esse encontro entre o divino e o humano
Não se dá assim sem mais nem menos
Eu me preparo para encontrá-Lo
E não se trata de arrumação do corpo,
Falo da arrumação do espírito
Preciso me desfazer de alguns adereços
Que pesam, mas não acrescentam
E de vestes que enfeitam e mascaram,
Mas não edificam,
Enfeites que só
Contribuem para me afastar
De quem realmente sou
E, me afastando de quem sou,
Afastam-me de Deus!
Preciso esvaziar-me
Dos palpites e ideias que teria para lhes dar
E, das quais, Ele não precisa,
Nem sequer pediu!
Preciso esvaziar-me das intermináveis justificativas
Por não ser nem de longe aquilo
Que Ele espera de mim,
E paradoxalmente, estando vazia
Preciso ter algo dentro de mim,
Preciso manter acesa a chama do que fui,
Do que sou e do que preciso ser
Volto-me para Ele com a minha história
Revelada nas marcas do meu corpo
E da minha memória
Nas dores do meu corpo e da minha alma
Nas alegrias e esperanças
Que alimento em meu coração.
Deus e eu con-versamos
Às vezes sem falarmos nada
Às vezes ao som de uma canção
Às vezes com trechos da Palavra
Às vezes com lágrimas
Uns sorrisos, uma reflexão
Tudo isso é tão forte, quanto belo!
Bela também é a ressonância,
A reverberação
Que esta conversa causa em mim
Sinto-me em paz e inquieta
Inteira, leve e intensa
Entretanto, algo me toma ao término da con-versa,
Que em verdade não termina:
Ele fica em mim
E eu Nele
E a graça de estar Nele
Ele estando em mim
Não me permite aquietar-me,
Acomodar-me,
As minhas conversas com Deus
Sempre me empurram para alguma ação,
Alguma atitude,
Menor que seja,
No aqui e agora da minha vida.

Gilmara Belmon


sábado, 20 de outubro de 2018

POEMA PARA GEORGE



Poema para George

Pelo teu olhar de poeta
Eu amei as flores, 
as borbetas,
o rio e o vento

Pelo teu cantar de poeta
Eu amei a vida 
A tua voz acarinha meus ouvidos
e acalenta o meu coração

Pela tua poesia
Eu aprendi a ver grandeza
Na pequenez das coisas 
Na ordem do dia

Bendita a poesia,
Por ela, Deus trouxe a tua existência 
para a minha

Gilmara Belmon









quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A metáfora,
tal qual punhal,
invade meu peito
O sangue que sai de mim
derrama-se em versos
Quando leio poesia
e ela me lê
a gente se afeta

Gilmara Belmon

domingo, 14 de outubro de 2018

AOS MESTRES, COM CARINHO!



Aos meus professores da Educação Infantil ao Mestrado,
Aos professores que já coordenei, formei e com os quais lecionei,
Aos professores da Rede Municipal de Ensino de Terra Nova,
Aos professores da Rede Municipal de Ensino de Amélia Rodrigues
Aos professores dos meus filhos,
Aos meus amigos professores,
A minha admiração e reconhecimento!

AOS MESTRES, COM CARINHO

Indignai-vos!
Não naturalizeis o desrespeito com que a vossa profissão é tratada, não naturalizeis a desvalorização profissional, não naturalizeis a violência sofrida por muitos de vós, nem a crise educacional em nosso pais.

Inquietai-vos!
A vossa inquietação tem o poder de inspirar e inquietar a muitos.
As grandes transformações nasceram de inquietações.

Encantai-vos!
Quanto mais encantados estiverdes, 
A vossa mediação fará com que a construção do conhecimento seja uma tarefa encantadora.

Conscientizai-vos!
Professores conscientes da sua pertença à classe trabalhadora
Jamais darão aulas descontextualizadas dos aspectos sociais, econômicos e políticos!
Jamais ficarão passivos diante da violação dos seus direitos e da falta de respeito para com a sua profissão.

Esperançai!
Professores esperançosos não desistem dos seus alunos mais difíceis,
Não os desencorajam diante das dificuldades, não os rotulam, não creem no seu fracasso.
Professores esperançosos acreditam no que fazem  e não desistem de  lutar.

Uni-vos!
Professores que se unem em prol de uma causa, seja ela trabalhista, seja ela pedagógica, seja ela social, seja ela humana, têm mais chance de conquistá-la.

Lutai!
Professores que não lutam, que se acomodam diante das injustiças, professores que não se engajam em projetos pedagógicos, políticos, sociais, jamais cumprirão com seu papel de formar cidadãos. Professores que anseiam por dias melhores e não lutam por eles estão sendo contraditórios.

Comprometei-vos!
É impossível ser professor e não ser comprometido. Professores são necessariamente comprometidos com a aprendizagem dos seus alunos, com a função social da escola, com a transformação da sociedade.  São, antes de tudo, comprometidos consigo mesmos, com seus ideais, com seus valores, com seus princípios.

Alegrai-vos!
Reconhecei as conquistas, reconhecei quando fordes valorizados pelos vossos alunos, pelos vossos colegas, pelos gestores, pelos pais dos alunos, pela sociedade. Alegrai-vos com as conquistas da  escola, dos vossos alunos e  ex-alunos e com as  próprias conquistas.

Libertai-vos!
Libertai-vos da alienação, da consciência ingênua, do comodismo, dos queixas que não levam a nada, da cegueira que vos impede de enxergar o que inviabiliza o exercício da vossa profissão.

Amai-vos!
Amai a educação, vossos alunos, mas antes amai a vós mesmos. Professores que não se amam, não cuidam de si, não reconhecem seus limites, nem suas qualidades, de que forma poderão dar vida ao seu ofício?

Eis a sistematização daquilo que aprendi com todos vós em todos estes anos, é o que desejo que todos vós cultiveis: indignação, inquietação, encantamento, conscientização, esperança, união, luta, valorização profissional, comprometimento, alegria, libertação e amor.

Gilmara Belmon



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A VOZ DO MEU JARDIM

                  Foto: Ludmila Cavalcante

A esperança conjugou o verbo florescer
bem aqui no meu jardim.
Ela não fez alarde, não gritou!
Apenas floresceu e eu ouvi!
Mas por pouco eu não percebia,
Pois a desesperança também chegou aqui,
E diferente da esperança,
Alardeou no meu juízo,
Invadiu minha alma,
Exigiu lugar nas minhas crenças.
Eu que sempre hospedei bravura e ousadia,
Enxotei a desesperança de mim.
Como pode ela vir assim me assaltar e
constituir-se em ameaça?
Não lhe dei guarita,
Não gastei  tempo com ela.
Em meio a angústia que me rodeava,
Eu não entreguei os pontos,
Nem deu tempo de chorar,
de sofrer, de desitir,
apenas de me indignar
até o momento da ficha cair.
Eu vi a esperança florescer
E tratei de  amar as flores
que deram voz ao meu jardim,
"Tomei um copo de coragem,
um copo e meio", como disse o Chico,
Chamei outros indignados como eu
e tratei de ir à luta.
Quando me disseram que não havia mais  nada a fazer,
Eu ouvi a voz do meu jardim
me ofertando um cacho de possibilidades.

Gilmara Belmon

ESCREVER E OFERTAR

Trago dentro de mim uma sede de justiça, É por isso que, paradoxalmente, Meu ser transborda de esperança. A indignação me acompanha t...