Neste Blog você encontrará textos literários de minha autoria e de outros autores. Nele irei compartilhar também minhas experiências de leitura.
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
AS MULHERES RADIANTES
As mulheres radiantes são
Imperfeitas, intensas, alegres
E fascinantes
As mulheres radiantes
são livres de preconceitos
e de apontar defeitos
As mulheres radiantes
não dão conta de tudo
e não fazem questão de esconder
Recusam-se a viver de aparências,
No olhar, revelam sua essência
E não temem o que os outros irão dizer
As mulheres radiantes
não atribuem a outrem
a tarefa de fazê-las felizes,
Elas sabem que esta
é uma tarefa só delas
Por isso não colocam
todas as suas expectativas
no amor, nos filhos, no trabalho,
sei lá o quê...
As mulheres radiantes não esperam
acontecer algo impactante
para que elas fiquem cintilantes
Elas simplesmente se sentem reluzentes
Não é que elas não sofram, não chorem,
não se estressem
Mas a sua luz esbanja tanta teimosia
Que nada é capaz de lhes tirar a alegria
Elas cintilam esperança e valentia
Ainda que, por vezes, se sintam sem chão
Ser uma mulher radiante
independe de classe, idade,
profissão, religião ou etnia
A beleza da mulher radiante
é a sua ousadia.
Gilmara Belmon
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
VI-VER
anuncia com seu canto profético
que o dia nasceu
Eu me aqueço quando o sol desponta
da janela do meu quintal
e me convida a iluminar a vida
Eu floresço quando, no meu jardim,
um botão, faminto de se tornar flor,
me inspira a crer no que há de vir
Eu arvoresço quando
um ipê na estrada me convida
a pausar a caminhada
à sombra do seu amor que dá cor
ao meu caminho
Eu trovejo e relampejo diante
da imbecilidade de quem não se deixa
amanhecer, florescer e arvorescer
ante a beleza que a vida nos presenteia
Triste de quem, tendo olhos sãos,
Recusa-se a aprender a olhar
Fazendo-se prisioneiro
da própria ignorância,
Ignorante, conjugará o verbo amanhecer,
sem, contudo, desbravar o dia
Gilmara Belmon
terça-feira, 15 de outubro de 2019
PROFESSAR
Professora/Professor,
Professar é o nosso ofício,
Declarar, Confessar
Publicamente aquilo que acreditamos,
Aquela causa à qual escolhemos dedicar a nossa vida.
E o que professamos?
Por que professamos?
Que causa é esta a qual dedicamos a nossa vida?
Não há professor que não professe!
Professamos diuturnamente,
Enquanto vivemos e experimentamos
Os sabores e os dissabores da nossa profissão.
Como professamos?
Professamos com a palavra,
É bem verdade!
Mais do que isto,
Professamos com o que fazemos!
Professamos com o que somos!
Professamos com a nossa forma de nos relacionar com os nossos pares e com os nossos alunos!
Professamos com a posição que assumimos
diante da sociedade, diante do mundo, diante da vida!
Por isso, somos mais do que professores:
Somos educadores!
E como é um paradoxo ser educador
E não ser comprometido com a transformação social!
Somos professores, professadores, profetas!
Denunciamos as injustiças sociais
E não só anunciamos a transformação da sociedade,
Como também lutamos por ela!
Por isso a nossa prática educativa
de formar o ser humano
É tão árdua, é tão dura, é tão complexa,
Tão mal compreendida, tão mal remunerada, desvalorizada!
E ao mesmo tempo tão bela, tão forte, imprescindível
Fascinante, encantadora, essencial, insubstituível.
Ser professor é ser um profeta esperançoso.
E porque ele esperança (do verbo esperançar),
Não desiste de professar,
Não desiste de educar.
Gilmara Belmon
sábado, 12 de outubro de 2019
IN-FÂNCIA
Como diria Arnaldo Antunes:
Isto não é um poema.
Eu penso agora
Em todos os infantes,
Aqueles "incapazes de falar"
Sim, IN-fância!
Esta fase gostosa da vida
Ser CRIança,
CRIar,
Ser CRIado,
CRescer!
A infância é a fase
Mais linda da vida!
Mais inocente!
Mais iluminada!
Mais alegre!
Mais sonhadora!
Mais doce!
Pena que não é
para TODAS as crianças!
E é justamente
Pela crianças IN-felizes
Que eu faço a minha prece de hoje!
As refugiadas,
As abusadas,
As abandonadas,
As esfomeadas,
As maltratadas
As espancadas,
As mal amadas,
As abortadas,
As silenciadas,
As encarceradas,
As marginalizadas,
As assassinadas,
As escravizadas.
TODAS aquelas que
tiveram a sua infância sequestrada!
Que coisa a IN-fância!
"Sem fala!"
As crianças ficam à mercê
daquilo que nós adultos
ofertamos a elas.
E se refletirmos:
Que IN-fância tivemos?
Que sentido damos a esta fase da vida?
Que ser humano estamos formando
em cada CRIança que CRIamos
e que vemos CRescer?
Como diria Arnaldo Antunes:
"Isto não é um poema!"
É uma dura constatação de que as crianças
precisam de adultos melhores
do que estamos conseguindo ser.
Adultos que lhe ofertem um mundo melhor,
Para que sejam CRIanças de fato e de direito,
Porque o tempo da CRIança não é o futuro,
O tempo da CRIança é o AGORA!
Gilmara Belmon
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
EM MIM
EM MIM
Eu tive medo da luz
E me joguei no breu
Eu tive medo da paz aparente
E me entreguei ao conflito
Eu tive medo do novo
E me detive à rotina
Eu tive medo da sede
E me joguei no rio
Eu tive medo de ser eu,
Então me apeguei
Ao que esperavam de mim
O breu me ensinou a caminhar sem garantias.
Com o conflito aprendi a arte do enfrentamento.
A rotina me educou para rebelar-me um dia.
O rio me ensinou a fluir.
Em mim se entranham
e se estranham:
A luz e o breu,
A paz e o conflito,
O novo e a rotina,
A sede e o rio inteiro!
Em mim se entranham
e se estranham
As diversas mulheres
que em mim habitam.
Gilmara Belmon
sábado, 5 de outubro de 2019
HOJE
Está vendo este papel
em branco à tua frente?
É o porvir
Não abra mão da tua missão
de escrever
Desenhe,
Pinte,
Risque,
Rabisque,
Escreva
Só não deixe de fazer
Outros poderão contribuir,
Mas ninguém o fará por você
Nada sabe sobre o que há de vir,
Porém, sabe que hoje está aqui:
Viva,
Fale,
Ame,
Faça,
Caminhe,
Escreva!
Hoje é o dia!
Cada dia que ganhamos
É um papel para escrever,
E escrevendo,
A gente re-nasce,
Cresce,
Vive!
Viva o seu dia!
Não deixe de crescer,
Ninguém o fará por você.
Gilmara Belmon
Fotos: Valdemar Ferreira
Local: Terra Nova
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
RESISTÊNCIA
São tantos discursos
Visando colonizar a gente
São tantas estratégias
Para nos colocar corrente
Há tantas formas de nos amordaçar
Há tantas formas de nos invisibilizar
Demorou para percebermos
Mas hoje enxergamos as correntes
Aprisionando nossos desejos
E nossos sonhos desde sempre
Nossas asas nunca foram livres
Elas sempre foram pesadas
Deveríamos ter alçado mais voos
Deveríamos ter sido mais ousadas
Caimos e levantamos
Sem nos curvar
Choramos e cantamos
Nossa sina é lutar
Se nos silenciarem
Nossa história vai gritar
Se nos acorrentarem
Nossa alma vai voar
Gilmara Belmon
terça-feira, 1 de outubro de 2019
ANÚNCIO
O botão anuncia que a flor nascerá
E esse anúncio me fala de Deus.
Não creio que seja possível viver sem esperançar.
Estes tempos cruéis
Que assuntam os bons
E alegram os maus
Não constituem o ponto de chegada
da nossa travessia.
Eu caminho na contramão
do mal que vejo,
Que me indigna e me revolta,
Porém não tem nenhum poder sobre mim.
E como te vejo caminhar
Também na contramão,
Eu te dou a minha mão.
Assim, haveremos de encontrar tantos outros
Seguindo a canção da esperança,
Seguiremos todos de mãos dadas
Cantando o esperançar em uníssono.
Será tão belo e tão forte
Que os ruídos dos maus se calarão
E quando isto se fizer realidade,
Iremos nos questionar
Como se sucederam tais coisas,
Reconheceremos então,
Que Cristo caminhava o tempo todo conosco
De mãos dadas na contramão.
Em cada pessoa esfomeada de justiça
E sedenta de paz,
Deus, humano se faz.
Gilmara Belmon
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