À MESA
Entre a noite que partia
E o dia que se anunciava
Do silêncio do seu templo,
O poeta voou até a mim
E convidou-me para ceiar com ele.
Sentamos à mesa,
Comemos poesias no mesmo prato,
Bebemos encantamento na mesma taça.
Toda vez que esvaziávamos
o prato e o copo,
Ele me perguntava se eu queria mais
E do fundo da minha alma,
Eu respondia: " Quero."
Cada poema comido e saboreado
Gestava mais fome em nós,
De modo que os olhares e sorrisos que
trócávamos eram de fome e de deleite
Comemos, bebemos, degustamos
repetidas vezes
Após a última poesia,
O poeta desapareceu.
Encantada, eu permaneci à mesa
E o poeta permaneceu em mim
Gilmara Belmon
Meu protesto: não deixe de escrever, para que o encantamento não se subtraía de nossas vidas. O poeta e a poetisa têm função pública: lembrar aos amigos e existentes de que é preciso multiplicar a beleza da criação, multiplicar cuidando, multiplicar expressando, multiplicar criando. O caos é ausência de beleza, o mal também! Um belo poema! Grato!!!
ResponderExcluirOh, meu amigo poeta, é isto mesmo que você faz: multiplica beleza, derrama beleza por onde passa! Obrigada por existir em minha vida!
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